Manifesto da Assembleia dos Docentes da Unicentro ao Conselho Universitário
07 de Abril de 2017 às 14:33:12O governo tem pressa em aprovar as medidas que atacam as universidades e seus servidores. É um governo em fim de mandato, que terá que se licenciar do cargo em um ano, caso venha disputar o senado. Também, as articulações políticas, visando as eleições de 2018 já se iniciaram, tornando os partidos e candidatos, mais sensíveis aos impactos que os baixos índices de aprovação do governo junto à sociedade e o reflexo que uma nova guerra praticada contra os servidores, possam ter nas suas candidaturas.
O Governo se afunda em denúncias, tais como as Operações Publicano, Quadro Negro e mais recentemente as relacionadas ao Porto de Paranaguá e a Lava Jato. Em todas elas, Beto Richa surge como figura Central.
A crise econômica, pela qual o país atravessa, deve, em muito, àquilo que a Lava Jato vem investigando e responsabilizando agentes políticos de grande peso, também nos governos federal e estadual. Com ela, houve uma desorganização na cadeia produtiva de óleo e gás, bem como obras de grande porte no Brasil e Exterior estão travadas dado que muitos contratos firmados com as empreiteiras estão suspensos ou têm restrições junto ao BNDES enquanto ao acordos de leniência avançam muito lentamente.
A crise não foi feita por nós. Ela foi produzida por aqueles que agora buscam lançar sobre nossas cabeças a conta e o sacrifício maior, tais como a reforma trabalhista, a privatização dos serviços públicos, a reforma da previdência e o ajuste fiscal, não somente para fechar as contas, mas também criar novas oportunidades de lucro e aumento da receita de empresas.
Em defesa da nossa Universidade, de nossas carreiras, de nossa aposentadoria e sobretudo, em favor de um país não devastado, devemos reagir, como nunca antes nos foi tão exigido.
Conclamamos os colegas, que o Governo Beto Richa não encontre na UNICENTRO pessoas dispostas a colaborar com seu processo de ataque à autonomia universitária e ao plano de carreira dos docentes. Vamos deixar claro a toda sociedade que a UNICENTRO não aceitará ser o elo fraco da corrente que une as sete Universidades Estaduais Paranaenses.
Em sua última reunião, o COU não teve uma atuação das mais inspiradas, tampouco a mais brilhante. Estamos atravessando momentos de excepcionalidade e para conduzir a universidade, precisamos de pessoas excepcionais. Vimos vários conselheiros receosos em defender a autonomia universitária e os direitos dos trabalhadores docentes e técnicos, ainda que diante de flagrante ilegalidade dos atos do governo. No horizonte, vislumbramos tempos de maiores ataques. Precisamos de conselheiros que não temam a responsabilidade de seus atos e o susposto vínculo de seu CPF. Àqueles que julgam estar em contradição moral entre defender a Universidade e suas preocupações pessoais, devemos sugerir que renunciem, sob pena de serem colaboradores de um governo que elegeu a educação e os educadores como adversários.
A sobrecarga que o atual governo busca impor aos docentes efetivos não terá outro efeito que o de criar imensas dificuldades para a UNICENTRO manter sua ascensão em direção aos crescentes índices de qualidade que temos conquistado.
Devem entender os docentes que os ataques aos professores colaboradores não se restringem a eles. O TIDE dos colaboradores foi uma importante conquista que tem permitido que pessoas altamente qualificadas busquem a Unicentro para trabalhar. Não se iludam colegas, o TIDE dos professores colaboradores, também é a primeira linha de defesa do TIDE dos professores efetivos. Mas, tão grave quanto isso, vislumbra-se que a retirada do TIDE, dos colaboradores, represente um largo passo em direção à terceirização dentro da Universidade, pois não conseguiremos mais concursos públicos para docentes.
LEIA TAMBÉM: Acórdão do TJ-PR sobre Autonomia Universitária (Revista Autonomia Universitária, p. 77-79)
Decreto 4.189/2016 do Governo Beto Richa é aplicável às Universidades?