A história da conquista do TIDE pelos professores colaboradores na UNICENTRO*
12 de Janeiro de 2016 às 22:52:59A situação dos professores colabora dores na UNICENTRO necessita de uma reflexão sobre o modelo de precarização do trabalho a que o docente vem sendo submetido. Carga horária elevada, várias disciplinas, contrato precário e condições de trabalho que resultam em frustação com suas realidades profissionais, representam a situação atual. Mas houve uma época que não pode ser esquecida em que também recebiam 55% menos do que seus colegas efetivos. Essa diferença era relativa ao TIDE. Direito existente nas demais universidades estaduais do Paraná, mas que era negado na UNICENTRO.
Abaixo segue entrevista com dois dos docentes que estiveram à frente desta luta à época e contam alguns episódios sobre essa luta pelo TIDE iniciada no ano de 2002 e que foi conquistado em 2007. Eles relatam a dura luta para conquistar o benefício e que só foi vencedora porque houve um for te envolvimento dos professores colaboradores que se revoltaram e exerceram uma pressão irresistível sobre a reitoria.
Lisandro Vieira, começou a trabalhar como professor colaborador na Unicentro em 2006. E em 2007 começou mestrado em Maringá. Na UEM tinha TIDE, inclusive para professores colaboradores. A partir desse conhecimento, começou a se informar mais sobre o assunto, levantar documentação, fomentar discussões na Unicentro entre os professores colaboradores, mostrando que era possível ter TIDE também na Unicentro, porque havia em outras universidades do estado.
“Nós professores da Unicentro na época entendíamos a importância do TIDE para o professor colaborador. Pois o benefício proporcionaria ao professor a possibilidade de se dedicar mais a pesquisa e extensão, aos próprios alunos, e era uma forma também de conseguir atrair bons professores para a universidade, a gratificação aos professores tornava isso atrativo, contribuindo para universidade como um todo.”
“Havia um grande receio por parte dos professores colaboradores, de levantar essa questão dentro da universidade. Que foi uma dificuldade, conseguir fomentar esse debate, mas que aos poucos foi acontecendo e atingindo a grande maioria dos colaboradores.
Eu lembro bem de quando o reitor na época, o professor Vitor Hugo Zanette falava que “era mais fácil sair fumaça da reitoria do que ter TIDE para colaborador”, que não era possível, inviável e que o TIDE para colaboradores era um benefício que não existia em lugar nenhum e que era uma mentira isso. Quando houve essa declaração negativa do reitor, que tinha o objetivo de desmobilizar os professores, amedrontando e pressionando, nós começamos à buscar a documentação necessária para provar que era possível, pois existia em outra universidades.
Eu comecei a pesquisar esses documentos na UEM e o professor Oséias, que havia sido colaborador na UEL - Londrina (uma universidade que tinha TIDE para colaborador também), levantou a documentação da UEL. Essa busca nossa por provas de que implantar o benefício na Unicentro era possível, fortaleceu o movimento que fazíamos com os professores colabora- dores, através de debates, assembleias, fez assim aumentar a participação de colaboradores. Conseguimos provar que era possível. Entre Julho e Agosto de 2007, foi implantado o TIDE para colaboradores na Unicentro e a partir daí os professores colaboradores começaram a entrar com seus pedidos afim de receber o benefício. Foi algo muito positivo para a Unicentro, como já esperávamos, tivemos professores colaboradores se envolvendo com grandes pesquisas na universidade. Inclusive eu, me envolvi em uma pesquisa, que é sobre a “História Política de Guarapuava”, que rendeu um livro, possível depois do recebimento do TIDE.
Após conseguirmos essa conquista, houve boatos que nós receberíamos retaliação, no entanto aparentemente não aconteceu. Houve enfrentamentos, mas a gente soube conduzir, fazendo o meio de campo e mostrando pra reitoria que era necessário e possível. Levamos em torno de 3 meses pra conseguir o TIDE para colaboradores, ainda que no início o movimento foi bastante tímido mas que a cada reunião e assembleia foi aumentando e intensificando a quantidade de professores envolvidos pela causa.
Essa conquista foi muito importante, a remuneração do TIDE permitiu que estes professores colaboradores fossem mais capacitados, podendo até participar de mais testes seletivos e etc. Acho também de grande importância isso que a ADUNICENTRO está fazendo, esse resgate deste histórico de luta que fez e faz até hoje diferença pra categoria docente”.
Segundo o professor Francisco Ferreira Júnior, do DEHIS e diretor da ADUNICENTRO à época, “Tudo começou com os contatos que fomos fazendo com as outras universidades do Paraná. Com isso a gente foi vendo que a Unicentro era uma das únicas universidades que não tinha TIDE para colaboradores. Estavam vindo professores de outras universidades como UEL, UEM , por exemplo, que tinham o beneficio, mas que quando vieram pra Unicentro se depararam com uma situação diferente”.
“A movimentação se deu por meio de debates, assembleias com todos os professores colaboradores da época. Teve uma grande participação dos docentes, algo bastante maciço”.
“Me lembro do Lisandro que estava bem ativo nessa luta e do Oséias, que foi o pioneiro, trazendo para nós o modelo da UEL, que era a universidade que ele lecionava e recebia TIDE como colaborador. Durante esse período foi feita uma for te pressão na reitoria, a partir destes debates construídos com os colaboradores, que fez o reitor da época ceder.
Enfrentávamos o problema da reitoria colocar a responsabilidade em cima do governo do estado, mas a pressão foi feita dentro da universidade, pois acreditávamos que a busca pelo TIDE para colaboradores tinha que ter uma iniciativa par tida da Unicentro.
Foi uma luta bastante importante e que não de- moramos para ter sucesso após a adesão maciça dos professores”.
*FRAGMENTO REFERENTE ÀS PÁGINAS 7 E 8 DO JORNAL DA ADUNICENTRO DE AGOSTO DE 2014