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Trabalhadores da Petrobras serão obrigados a cobrir rombo em fundo de pensão (Petros)

29 de Janeiro de 2016 às 18:45:50

Os trabalhadores da Petrobras terão que aumentar suas contribuições financeiras ao fundo de pensão da entidade, o Petros, devido ao rombo existente na previdência privada da estatal, que chegou a R$15 bilhões em outubro. A informação foi confirmada pela estatal ao jornal Folha de São Paulo.  O aumento do repasse ao fundo de pensão, chamado de equacionamento, é contestado pelos trabalhadores e aposentados, que criticam investimentos de risco feitos pelo Petros.


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A maneira como se dará o equacionamento, que em parte será pago também pela estatal, deve ser definida em 2016 e o aumento das contribuições tem previsão de início para 2017. O Petros tem até 31 de julho para divulgar seu balanço e iniciar as negociações de equacionamento.


Sara Granemann, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que pesquisa a assuntos relacionados à previdência, aponta que o repasse da conta do rombo de fundos de pensão aos trabalhadores é parte intrínseca da previdência privada, e já ocorreu em outras situações. “Um fundo de pensão sempre contém um risco, mesmo que a empresa que o gere seja dotada da melhor das intenções, já que o que eles fazem são aplicações de risco. As ações que no momento parecem ser as mais lucrativas podem desvalorizar de um momento para outro”, afirma a docente.


O balanço final do rombo do Petros ainda não foi apresentado, mas segundo a docente, a perspectiva é que ele chegue a R$ 20 bilhões, quase metade dos ativos do fundo. “A solução é sempre a mesma, quando um fundo de pensão dá “certo”, não são os trabalhadores que recebem a generosa quantidade de dinheiro. Quando dá errado também são os trabalhadores que perdem. Porque a proposta da Petrobras é que a empresa pague metade do rombo e os trabalhadores paguem a outra metade. Solução igual foi estabelecida para o Postalis, para o Portos, e por aí vai”, completa Sara Granemann.


Recentemente a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), ligada ao Ministério da Previdência Social, publicou relatório que aponta o aumento do rombo dos fundos de pensão no país. O déficit, que era de R$28,7 bilhões em 2014, passou a R$60,9 bilhões em 2015 – novo recorde histórico em perdas. Leia mais aqui.


Diga não ao Funpresp


O ANDES-SN é contrário aos fundos de pensão privados e organiza, desde a instituição do Funpresp - fundo de pensão para Servidores Públicos Federais (SPF), campanha pela não adesão, alertando os docentes federais sobre os riscos desse modelo de aposentadoria, como os problemas do Petros. O Sindicato Nacional também participa ativamente da contra a privatização da previdência de servidores públicos estaduais, tais como têm acontecido no Paraná e na Bahia, por exemplo.


Sara Granemann, docente da UFRJ, alerta os docentes federais sobre a possibilidade de eles terem que, assim como os trabalhadores da Petrobras, arcar com os prejuízos do fundo de pensão privada. “O Funpresp não tem outra forma de agir. Vende-se a ideia de que o Funpresp é segurado pelo estado, o que não é verdade, como também não é o Petros. Fundo de pensão é previdência privada, e previdência privada é um instrumento do mercado de capitais. Logo, não há possibilidade do estado bancar um fundo desses. Quando um fundo de pensão tem prejuízo, são os trabalhadores que pagam a conta, e com o Funpresp não seria diferente”, ressalta a docente.


Confira aqui a cartilha Diga Não Ao Funpresp.


Saiba mais: Adesão automática ao Funpresp é inconstitucional


 


Com informações de Folha de São Paulo e imagem de EBC


Fonte: ANDES-SN


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