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Docente e diretora da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) vem sofrendo ameaças de morte devido ao engajamento de seu trabalho em favor de índios e negros no estado

14 de Dezembro de 2013 às 00:14:16


Professora recebe apoio dos geógrafos da UFMT




Professora Lisanil vem recebendo ameaças por defender minorias


MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO

Os professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) lançaram, na semana passada, uma moção de apoio à professora da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Lisanil Patrocínio, que está sendo ameaçada de morte na cidade de Juara (709 km ao Norte de Cuiabá).

Na moção, os professores declararam apoio e solidariedade a Lisanil, que foi bolsista de iniciação científica e professora substituta do departamento de Geografia da UFMT.

"Ressaltamos o compromisso da professora Lisanil C. P. Pereira frente às questões que envolvem as minorias sociais (índios, negros, posseiros, entre outros) e manifestamos nossa indignação face às ameaças e coações às quais está sendo submetida", afirma trecho da nota.




Ela sempre foi uma moça muito crítica e comprometida com as lutas sociais



Os professores também consideram inadmissível que a Lisanil "seja cerceada em seu direito de manifestar seu posicionamento no palco das desigualdades sociais e interesses econômicos que se sobrepõem às diversas necessidades dessas minorias".

A moção também ressalta que "sejam desenvolvidas ações no sentido de proteger a vida da professora, garantir a liberdade de expressão, bem como a investigação dos fatos denunciados".

A professora de Geografia da UFMT, Sonia Romancini, ressaltou a coragem e o histórico de lutas de Lisanil em favor das minorias.

"Ela sempre foi uma moça muito crítica e comprometida com as lutas sociais", conta Sonia que foi professora de Lisanil.

Ela também destacou que professores que assumem uma postura de defender as minorias, como índios e negros, sofrem constantemente pressões de posseiros e de grandes grupos ligados ao agronegócio em Mato Grosso.

"Estão ameaçando o filho dela. É inacreditável que ainda haja esse nível de repressão", criticou a professora.

Ameaça

Lisanil Patrocínio é diretora da Unemat - Campus de Juara. Desde o último dia 27 novembro, a docente recebe mensagens de ameaças de morte, via celular.

As mensagens já mencionaram seu filho, além de outras pessoas próximas à Lisanil.

Um dos textos afirma que a morte da professora "é uma questão de tempo".

A professora já registrou Boletim de Ocorrência sobre o caso e comunicou às ameaças a promotoria criminal do Ministério Público.

Ao MidiaNews, Lisanil disse suspeitar que as ameaças são feitas por alguém de dentro do Campus da Unemat em Juara.

Ela também sugeriu que as mensagens intimidadoras são por conta das disputas internas, no campus.

"Do tempo que estou em Juara, nunca trabalhei de forma tranquila, pois faço parte de um grupo de oposição, que sempre foi contra as posturas majoritárias que dominam o campus da Unemat em Juara", afirmou.

Confira a nota na Integra:

Moção de Apoio à professora Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira

Nós, professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em reunião do Colegiado de Departamento de 4 de dezembro de 2013, vimos por meio desta moção, declarar apoio e solidariedade à professora Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira, diretora da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT) - Campus de Juara (MT), que realizou seus estudos de graduação em Geografia (licenciatura e bacharelado), foi bolsista de iniciação científica e professora substituta neste departamento.

Ressaltamos o compromisso da professora Lisanil C. P. Pereira frente às questões que envolvem as minorias sociais (índios, negros, posseiros, entre outros) e manifestamos nossa indignação face às ameaças e coações às quais está sendo submetida.

Consideramos inadmissível que diante do avanço técnico, científico e educacional que abarca grande parte do território mato-grossense, tendo principalmente a UFMT e a UNEMAT na vanguarda deste processo, que a professora seja cerceada em seu direito de manifestar seu posicionamento no palco das desigualdades sociais e interesses econômicos que se sobrepõem às diversas necessidades dessas minorias.

Assim, solicitamos às autoridades competentes do Estado de Mato Grosso que sejam desenvolvidas ações no sentido de proteger a vida da professora, garantir a liberdade de expressão, bem como a investigação dos fatos denunciados. No ensejo, como geógrafos críticos e idealizadores de uma sociedade mais justa, apoiamos a luta da professora e manifestamos nossa solidariedade.

Cuiabá, 4 de dezembro 2013.

Os Professores do Departamento de Geografia da UFMT.

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