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Departamento de Ciências Biológicas/CEDETEG aprova Moção de Apoio aos Estudantes da UNICENTRO em favor das reivindicações pela estatização do R.U. e assistência estudantil

20 de Agosto de 2013 às 18:51:46

O Departamento de Ciências Biológicas/CEDETEG entende ser fundamental apoiar os estudantes da UNICENTRO na luta por assistência estudantil. Nossa universidade enfrenta uma preocupante evasão discente e institucionalmente é nosso papel enfrentar este problema. Segundo dados do IBGE, a UNICENTRO está inserida na região com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) mais baixo do estado do Paraná e mesmo da região sul do Brasil. A maior parte de nossos estudantes é oriunda principalmente desta região. Assim a UNICENTRO tem uma tarefa fundamental, enquanto instituição pública, de contribuir para que a nossa região supere as desigualdades regionais e de renda.

Desde que a UNICENTRO foi criada há mais de 20 anos e antes ainda, como FAFIG e FECLI, há mais de 40 anos, ela continua assistindo seus jovens enfrentarem dificuldades maiores quando comparados aos estudantes das demais universidades do Paraná nas quais há uma política mais consistente de assistência estudantil. Ao longo desta história isto significa que milhares de jovens foram silenciosamente obrigados a desistir de seus cursos e sonhos devido a dificuldades financeiras quando uma eficaz política de assistência estudantil poderia ter minimizado isso.

Quando vemos um grande número de estudantes da UNICENTRO, em Irati e Guarapuava, de forma determinada, incansável e organizada realizando manifestações nos campi, ocupando o prédio da reitoria, comparecendo à Assembleia Legislativa, na SETI, até forçarem o governador a recebê-los só podemos demostrar nosso apreço e incentivá-los. É uma luta justa. É um grito de alerta de tantos que lutam pelo coletivo e de desespero de outros que estão perto de ter que abandonar os estudos e não devem ser menosprezados. Investir na expansão das universidades também significou trazer mais jovens carentes para dentro da UNICENTRO.

Por isso entendemos que a UNICENTRO não pode ser tratada diferentemente dos estudantes da UEL, UEM e UEPG onde há R.U. público e na UENP onda há moradia estudantil. É importante que haja R.U. público naquelas universidades, mas na UNICENTRO isso é ainda mais importante dada a conjuntura econômica da nossa região. Segundo dados obtidos da própria UNICENTRO, confrontando dados dos ingressantes e os formandos numa série de quatro anos, 45% dos estudantes que ingressam na nossa universidade abandonam seus cursos. Mais de uma variável pode provocar este resultado, porém outra informação fornecida pela UNICENTRO que atesta que 51% dos vestibulandos de 2012 vêm de famílias com renda de até dois salários mínimos. Assim, é razoável inferir que a questão econômica é um fator importante.  Quase 2/3 afirmam que necessitarão trabalhar para se manter estudando.  Aqueles que estão matriculados em cursos integrais enfrentam dificuldades adicionais, pois a perspectiva de trabalhar é dificultada pelo tempo maior que tem que estar presencialmente na universidade. Assim, o Departamento de Ciências Biológicas, quando apresenta sua proposta de abrir um curso integral de bacharelado, acaba por antever as dificuldades que muitos de seus futuros estudantes enfrentarão.

Ao falar em futuro também entendemos que as cotas definitivamente fazem parte da realidade das universidades brasileiras. A partir de 2012 as Universidades Federais passaram a ter que implantar cotas até atingir a proporção de 50%. É questão de tempo para que o sistema estadual de ensino superior do Paraná evolua no mesmo caminho. Quando isto ocorrer, a curto e médio prazo, a situação da evasão discente na UNICENTRO poderá se agravar. Temos que nos antecipar e nos preparar para receber estes jovens. A UEM já iniciou a ampliação de seu R.U. público, a UNIOESTE iniciou ano passado as tratativas para implantar o seu, também público. A UENP investe em moradia estudantil. A UNICENTRO não pode postergar mais a criação de uma política de assistência estudantil eficaz.

Sabemos que não basta investir em acessibilidade à universidade e não fazer o mesmo em termos de permanência. Para as instituições públicas, investir em assistência estudantil não se trata de privilégio, mas sim de democratizar o acesso ao ensino superior e contribuir para enfrentar as desigualdades sociais e regionais e melhorar a qualidade de vida de uma parcela importante da sociedade que também paga impostos.

A manifestação do Governador Beto Richa, quando se comprometeu em 16 de agosto, a atender as reivindicações dos estudantes é importante, mas também sabemos que ainda há um burocrático e árido caminho a percorrer até que o R.U. público esteja efetivamente em funcionamento. Até lá muitas ações dos estudantes ainda serão necessárias e, neste sentido, o Departamento de Ciências Biológicas, em reunião colegiada, vem a público manifestar apoio à sua luta por um R.U. público e assistência até que ela se concretize.

DEBIO/CEDETEG

Em 20 de agosto de 2013