E os ventos de junho? Estudantes da UNESP são presos ao defenderem uma universidade pública, gratuita e de qualidade em São Paulo

Hoje acordei com a triste notícia de que um grupo de mais de 100 estudantes foram presos na cidade de São Paulo, depois de ocuparem a sede da reitoria da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. O assombro que tive ao ver as imagens sendo transmitidas em rede nacional de jovens que lutam por um direito básico que é a educação pública de qualidade, com direito a acesso e permanência, além de uma política de assistência estudantil que garanta moradia, R.U e bolsas de auxílio ao estudante, além da contratação de mais docentes e técnicos administrativos é de estarrecer quem um dia estudou naquela instituição por quase uma década, entre a graduação e o doutorado.

Assistir ao vivo a tropa de choque da Polícia Militar, entrar numa das instituições que um dia foi um dos pilares da resistência contra ditadura, com autorização da reitoria da universidade e prender centenas de estudantes que reivindicam melhores condições de estudo é algo que não podemos aceitar em nenhuma hipótese, nem na UNESP e em nenhuma instituição de ensino deste país. Se já não bastassem as prisões dos estudantes da USP e da Unifesp, em um passado recente, agora assistimos centenas de estudantes da Unesp, que hoje ocupam um lugar nos bancos universitários que um dia eu também ocupei, serem presos por  defender o direito a uma educação de qualidade, com mais professores, mais moradia, mais bolsas estudantis, que é uma luta geral dos estudantes, de lá e daqui onde hoje leciono.

Escrevo este pequeno texto, para lembrar que os ventos de junho, que levaram milhões de jovens as ruas do país, vão atravessar julho, pois ainda existem milhares de jovens como estes que foram presos por ordem do "feitor" de plantão da UNESP. O feitor Julio Cezar Durigan , travestido de reitor  mancha uma história de luta e resistência de tantos que por lá passaram, como alunos, professores e funcionários. A luta dos estudantes da UNESP é de todos nós agora.



Prof. Dr. Hélvio Alexandre Mariano. É professor do Departamento de História da Unicentro-Guarapuava-PR. Ex-aluno da UNESP-Assis.