UFRJ perdeu mais de 450 professores desde 2009. 310 professores se aposentaram, 104 foram exonerados, 23 faleceram e 19 foram transferidos. Entretanto a UFRJ dispõe de apenas 120 para serem distribuídas
10 de Abril de 2013 às 02:53:56Número aparece em sessão conjunta dos colegiados CEG e CEPG, que mantiveram critérios para distribuição de 120 vagas ainda este ano. Conselheiros reivindicam à reitoria mais 120 até o fim de 2013. Reunião foi realizada em 5 de abril
De acordo a presidenta da Câmara de Corpo Docente do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), Maria Antonieta, dados da UFRJ mostram que, entre setembro de 2009 e fevereiro de 2013, 310 professores se aposentaram, 104 foram exonerados, 23 faleceram e 19 foram transferidos. "Este é o tamanho do rombo", disse a professora. "São vacâncias permanentes. Para mim, tudo isso é emergencial", afirmou, durante reunião conjunta CEG/CEPG (Conselho de Ensino para Graduados) sobre a distribuição de 120 concursos ainda para este ano.
Antonieta destacou que, "em dez anos, o número de estudantes dobrou. O número de docentes obviamente não dobrou". Nesse contexto, a procura por professores substitutos tomou proporções sem precedentes: "A Medicina, pela primeira vez, tem substituto. São hoje vinte e quatro. Fato inédito, até a Coppe está pedindo substituto".
Critérios mantidos
A sessão conjunta dos colegiados acadêmicos, realizada em 5 de abril, optou por manter os critérios que já orientaram as últimas partilhas de concursos pela UFRJ. Havia uma proposta de mudança da pró-reitoria de Pós-graduação (PR-2). Defendia a divisão das 120 vagas em duas etapas: uma emergencial e outra, para planejamento de crescimento futuro. Cinquenta por cento do montante para cada uma. O que seria uma situação "emergencial" rendeu discussão entre os conselheiros.
A maioria manifestou-se favoravelmente a uma revisão metodológica, mas não necessariamente a proposta pela PR-2. Contudo, prevaleceu o entendimento de que a situação emergencial de falta de professor na qual se encontram algumas Unidades não permitiria esperar pelo fim do debate, com definição de um novo modelo. Os conselheiros indicaram uma solicitação ao reitor para realização de outros 120 concursos até o final do ano. "Cento e vinte vagas é administrar a miséria", criticou Maria Antonieta.
Além da fórmula já aplicada em outras ocasiões (que cruza informações como o número de estudantes, de professores, de projetos em curso, entre outras), a próxima distribuição deverá levar em conta também a perda de professores e o contingente de substitutos nas Unidades. A proposta dos dois novos "filtros" depende ainda de uma votação que não pôde ser concluída em tempo regimental. O assunto voltará em uma nova reunião conjunta dos colegiados, provavelmente neste dia 10 de abril.
Mudança de perfil
A reestruturação da UFRJ foi citada por diferentes conselheiros como justificativa para a necessidade de revisão da distribuição de vagas. "As salas estão inchadas", falou Rachel Coutinho, representante do CLA no CEPG. Outra preocupação compartilhada diz respeito à carência de profissionais nos bacharelados e licenciaturas: "não falta material humano na pós-graduação. É na graduação que, em geral, falta professor", analisou Carlos Azambuja Rodrigues, representante do Centro de Letras e Artes no CEG. Já a pró-reitora de Graduação, Angela Rocha dos Santos, afirmou que "não há dicotomia entre planejamento e emergência. Nem entre graduação e pós-graduação".
Planejamento de fato
Mauro Sola Penna, representante do CCS, endossou o apelo do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) por mais planejamento na distribuição de vagas. Já Francisco Artur Chaves, conselheiro do CCMN no CEG, frisou que a universidade ainda não concluiu uma autoavaliação. "Planejar é fundamental para tomada de decisões, mas implica em ter conhecimento da sua própria realidade", observou. "Uma visão sobre seu mundinho não é planejar", destacou o professor, defendendo que a questão não se refere "a um professor ou a uma unidade, mas a uma cultura institucional".
Imagem: Elisa Monteiro/Arquivo Adufrj - Seção Sindical
* Com edição do ANDES-SN