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REUNI e seus problemas. Criada em 2008, estudantes da Universidade Federal do Pampa ainda aguardam concursos para 182 professores. Os estudantes reclamam que o número de professores autorizados ainda não é suficiente e que terminar&at

15 de Fevereiro de 2013 às 00:27:15



Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo








A Unipampa (Universidade Federal do Pampa) precisa da contratação de, ao menos, 182 professores para completar seu quadro docente. Criada em 2008, a instituição tem hoje 9.187 alunos na graduação e receberá outros 3.120 ingressantes em 2013.

Dessas vagas, 107 foram autorizadas pelo MEC (Ministério da Educação) e aguardam publicação de edital. O processo de concurso demora cerca de dois meses, prevê o vice-reitor, Almir Barros da Silva Santos Neto. Depois da convocação, os professores têm até 30 dias para serem empossados.

Antes do fim do semestre de aulas, que já está em curso e deve acabar em junho, é provável que as vagas abertas por novo concurso ainda não tenham professores contratados.



Outras 75 vagas estão negociadas com o ministério e, até o início de 2014, devem ser autorizadas, explica o vice-reitor. Após a autorização do ministério, os editais devem ser lançados.

A instituição tem hoje 672 docentes --já somadas cinco nomeações recentes-- distribuídos por 63 cursos de graduação em dez campi no Rio Grande do Sul . A sede da Unipampa, em Bagé, fica a 377 km de Porto Alegre.





Federal do Pampa precisa de, ao menos, 182 professores para completar quadro7 fotos







O problema, criticam os alunos, está na distribuição do corpo docente. No curso de medicina veterinária da Unipampa há 269 alunos para 16 professores efetivos. Porém, o projeto pedagógico do curso estima um quadro docente com, no mínimo, 33 professores. "Eles estão abrindo cursos novos com 15 professores e a medicina veterinária continua aqui [precisando de professor]. Como isso?", indigna-se Lucas Quevedo, aluno do 5º semestre. Indignados com a situação, estudantes de medicina veterinária fecharam a rodovia federal BR-472 no dia 5 de fevereiro Divulgação







Faltam mais


Os alunos reclamam que o número de professores autorizados ainda não é suficiente. O problema está estampado no horário de aulas deste semestre dos sete cursos de graduação do campus Uruguaiana, todos disponíveis para consulta na internet. Em 36 disciplinas há o aviso "aguardando concurso para professor".

"Todos os cursos [do campus Uruguaiana] têm falta de professores, mas alguns estão em situação pior, como o da [medicina] veterinária", afirma a presidente do centro acadêmico de Uruguaiana, Dandara Fidélis Escoto.

ALERTA VERMELHO



No bacharelado de medicina veterinária, os alunos reivindicam 17 professores para completar o quadro de 33 docentes previsto no projeto pedagógico. "Temos 57 disciplinas ofertadas neste semestre, 13 estão sem professores. E ainda receberemos os calouros, ou seja, ainda tem mais aulas que terão de ser ofertadas", explica Douglas Martin, aluno do 6º semestre e membro do DAMV (Diretório Acadêmico da Medicina Veterinária).

Consolidação


A reitoria não informou a demanda total de docentes nos 63 cursos de graduação e afirma estar fazendo um estudo para levar novo pedido ao ministério na próxima semana. "É uma preocupação da reitoria ter mais docentes", afirmou o vice-reitor, "ao longo de 2012 fizemos reuniões com o MEC para mostrar essa necessidade".

"Além das autorizadas e das pactuadas, a gente espera receber mais algumas vagas ainda, não só de docentes como de técnico-administrativos", assegura o vice-reitor, que também prevê a abertura de novos cursos na universidade. Na época de sua criação a universidade tinha 27 cursos, hoje são 63. A expansão é parte do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

Sobrecarga dos docentes


Nem todas as cadeiras sem professor na universidade dependem de autorização do ministério, a instituição tem também de preencher vagas deixadas por professores contratados que saem da institução. "O que ocorre, não só na Unipampa mas em outras instituições novas, é que às vezes o professor quer ir para centros maiores", explica Almir Barros.

Para cobrir os espaços no currículo, os contratados se desdobram. "Temos professores dando 20 horas-aula por semana na graduação. Mas, em alguns cursos, isso já não basta", conta a presidente do centro acadêmico. Os professores efetivos deveriam dedicar, no máximo, 12 horas por semana à graduação, e partilhar o restante de seu tempo entre pesquisa e aulas para a pós-graduação.

Os alunos reclamam também a contratação de técnicos-administrativos para o funcionamento devido de bibliotecas, laboratórios e serviços administrativos. Segundo a reitoria, dentro dos próximos dias será aberto concurso para cerca de cem vagas.

Raio-x da Unipampa


A Unipampa nasceu em novembro de 2005 no projeto de expansão do ensino superior no país como um acordo de cooperação entre a UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e a UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Em janeiro de 2008, a instituição foi criada como Fundação Universidade Federal do Pampa.

Segundo o Projeto Institucional da instituição, feito em 2009 e disponível na internet, no momento da criação, a universidade contava com 2.320 alunos e 180 docentes. Em cinco anos, o número de alunos quase quadruplicou. Segundo a reitoria, são 9.187 alunos matriculados na graduação atualmente. Outras 3.120 vagas devem ser preenchidas em 2013 pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada).

A instituição oferece 63 cursos de graduação distribuídos em dez campi: Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.

De acordo com o vice-reitor, ainda há a previsão de abertura de novos cursos de graduação, como o de direito (campus São Borja) e outra graduação no campus Dom Pedrito.