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REUNI gera dificuldades nas universidades brasileiras que agora tem vindo à tona. Na UFRGS e na UFBA atrasos na implantação de laboratórios e hospital, alunos sem sala de aula, déficit de professores e problemas de falta

10 de Abril de 2011 às 14:14:57

Engenharia da UFRGS é a que mais sofre com atrasos do Reuni

Especial para UOL Educação

Em Porto Alegre

O Departamento de Engenharia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que congrega 13 cursos de graduação, é o que enfrenta mais problemas até agora com a aplicação do Reuni. A implantação de novos laboratórios ainda não ocorreu. Os novos cursos, prometidos em 2007, também sequer foram aprovados pelo Conselho Universitário.

Obras fazem parte do cotidiano do campus do Vale da UFRGS

O reitor da UFRGS, Carlos Alexandre Netto, promete que até o final de 2013 a área terá 180 novas vagas nos vestibulares da universidade e que os dois novos cursos estarão funcionando normalmente. Mas ele reconhece que haverá dificuldades para a implantação.

O plano da UFRGS é praticamente dobrar a formação de profissionais, dos atuais 480 por ano para cerca de 900 num prazo de três anos.

Obras do Reuni enfrentam atraso de dois anos na Federal do Rio Grande do Sul

UFGRS quer revisão da metas do Reuni

Mas a construção de um novo prédio no Campus do Vale, orçado em R$ 7,4 milhões e com sete mil metros quadrados de área construída, não deve sair tão cedo.

Além disso, cerca de 60% da verba destinada a equipamentos e laboratórios foi utilizada em quase quatro anos de programa. "O grande desafio é formar com qualidade", explicou o vice-diretor da Escola de Engenharia da UFGRS, Carlos Eduardo Pereira sobre o atraso no cronograma. A obra, segundo a reitoria, também esbarrou no licenciamento ambiental da prefeitura.

Hospital

A construção do Hospital Odontológico, o primeiro em uma universidade pública no Brasil, também atrasou. Prometido em 2007, somente em abril deve começar a ser construído.

Com 150 consultórios, poderá atender 450 pacientes por dia com serviço de pronto-socorro e procedimentos como limpeza, restaurações, colocação de próteses e cirurgias. A implantação, entretanto, deve se estender pelo menos até o final de 2013.

No campus do Vale, prédios equipados com laboratórios modernos, um novo restaurante universitário com 3,2 mil metros quadrados de área e uma casa do estudante com capacidade para 600 pessoas, entre mais de uma dezena de obras, prometia mais conforto para pesquisadores, estudantes da graduação e professores. Nada, entretanto, ainda saiu do papel.

 

Cursos surgidos por causa do Reuni podem criar problema na oferta de vagas da UFBA

Especial para o UOL Educação

Em Salvador

Os BI (bacharelados interdisciplinares), que surgiram com o Reuni, podem criar um problema na oferta de vagas da UFBA (Universidade Federal da Bahia) em dezembro deste ano. Os alunos que optaram por essa área têm garantida uma cota de 20% nos cursos específicos de graduação do ano que vem, caso queiram prosseguir com os estudos. Mas, e se houver mais candidatos que vagas?

Para contornar a situação, a reitora Dora Leal admite a possibilidade de a UFBA ampliar o número de vagas na mesma proporção das cotas de acordo com os pedidos. "Nada está definido, mas existe esta possibilidade", diz. Uma pesquisa entre os estudantes matriculados nos BI vai mapear os cursos onde pode ocorrer uma demanda maior. "A partir dos resultados desta pesquisa vamos tomar uma posição", afirma a reitora.

"Se aparecerem mais candidatos do que vagas para um determinado curso, haverá uma seleção cujos critérios serão definidos por cada unidade. (...) De qualquer forma, a concorrência será sempre inferior à do vestibular tradicional", diz.

O processo seletivo para o ingresso nos bacharelados é igual ao da primeira fase do vestibular, com o acréscimo da redação, atualmente exigida apenas na segunda etapa. Ao concluir o curso, o estudante recebe o diploma em área geral de conhecimento (artes, humanidades, ciências e tecnologias e saúde) e poderá atuar em empregos que exigem diploma de nível superior, sem especificar profissão regulamentada por conselhos profissionais. O curso também permite que os formandos ingressem na pós-graduação (mestrado e doutorado).

Déficit de professores

Além da possível falta de vagas, a UFBA já enfrenta outro problema: a falta de professores. A reitora reconhece que a UFBA opera com um déficit de 500 professores (atualmente existem 2.699 do quadro permanente) e que também há carência de servidores técnicos e administrativos. "Somente a Escola Politécnica possui mais de 60 laboratórios e precisa de pessoas especializadas", diz.

Apesar disso, afirma Dora, houve crescimento em algumas áreas. "Aumentamos os cursos de graduação (de 55 para 112), o número de alunos matriculados na graduação (de 17.941 para 28.477), implantamos mais mestrados (de 44 para 61) e doutorados (de 17 para 42) e assinamos mais convênios com universidades estrangeiras (de 53 para 229), apenas para citar alguns pontos importantes."