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Conselho Universitário da UFSCar defende Marcos Garcia e liberdade de pesquisa. Estudo desenvolvido pelo pesquisador abriu uma verdadeira caixa de Pandora, que revelou a precariedade e desumanidade dos serviços de leitos psiquiátricos

23 de Abril de 2012 às 16:46:06

por Conceição Lemes

A região de Sorocaba, interior paulista, tem a maior concentração de leitos psiquiátricos SUS do Brasil. Somam 2.792, distribuídos em sete manicômios de grande porte: Vera Cruz, Mental, Teixeira Lima, Jardim das Acácias, Santa Cruz, Clínica Salto e Vale das Hortências. Com exceção do Jardim das Acácias, todos são privados.

Pesquisa realizada em 2010 nesses sete hospitais  por Marcos Roberto Vieira Garcia, doutor em Psicologia Social e professor do campus de Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), abriu uma verdadeira caixa de Pandora, que revelou a precariedade e desumanidade desses serviços:

* De janeiro de 2004 a julho de 2011, os sete manicômios tiveram 825 mortes de pacientes SUS. Dá um óbito a cada três dias nos últimos oito anos.

* Apresentaram mortalidade 100% a 119% maior do que a registrada em outros 19 manicômios do estado de São Paulo. Dos sete investigados, o Jardim das Acácias foi onde ocorreram menos óbitos; seus índices, porém, são um pouco piores do que a média do estado.

* Os pacientes falecidos tinham 53 anos, em média; no restante do estado de São Paulo, 62.

* Houve aumento significativo de mortes nos meses frios, fato que não se repetiu nos manicômios do restante do estado.

* A concentração de óbitos por doenças infecto-contagiosas (em especial, as respiratórias) e por motivos não esclarecidos é significativamente maior que nos outros grandes manicômios do estado de São Paulo no mesmo período.

A "resposta"  de seis manicômios privados denunciados foi abertura de processo contra  contra Marcos Garcia e  o psicólogo Lúcio Costa, do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (Flamas).

Porém, devido à reconhecida seriedade e competência do pesquisador,  o estudo  recebeu, de cara, apoio de duas importantes sociedades científicas: Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso).

Além disso, várias instituições e órgãos independentes fizeram fiscalizações in loco nos hospitais denunciados, confirmando muitos dos problemas levantados por Marcos Garcia. O relatório completo pode ser lido no site http://liberdadedepesquisa.blogspot.com

Agora, foi a vez do Conselho Universtário da UFSCar se manifestar. Em reunião presidida pelo reitor Targino de Araújo Filho,  a instância máxima de deliberação da Universidade aprovou por unanimidade uma moção de apoio ao professor Marcos Garcia e em defesa da liberdade de pesquisa acadêmica e de sua divulgação.  Na íntegra, abaixo.