A crise orçamentária nas universidades estaduais paulistas segue sem solução definitiva à vista. Um sintoma agudo disso manifestou-se nesta terça-feira (21): o Hospital Universitário da USP fechou as portas do pronto-socorro infantil.
Instituição de referência em saúde pública na zona oeste da capital, cuidará agora apenas dos casos pediátricos emergenciais anteriormente encaminhados por postos de atendimento. Para agravar o quadro, alunos de medicina da USP entraram em greve, pela primeira vez desde os anos 1970.
A carência de verbas impede contratações para cobrir as vagas de quem se aposenta. Tanto ensino quanto pesquisa e serviços sofrem com a falta de pessoal. Tal panorama não se alterará pelo menos até o final de 2018.
Pelo quinto exercício seguido, a USP deverá ter deficit em seu orçamento no ano que vem. Segundo projeções em debate no seu Conselho Universitário, faltarão quase R$ 288 milhões para fechar as contas, valor que a reitoria terá de retirar de sua reserva financeira.
Tal fundo, que deveria custear investimentos, já teve saldo de R$ 3 bilhões. Com o novo saque, o montante deve se aproximar de zero.
A principal fonte de financiamento da USP, da Unicamp e da Unesp são repasses de 9,57% da arrecadação do ICMS —estimados em cerca de R$ 10 bilhões em 2018.
A queda no recolhimento tributário, fruto da crise econômica que assola o país, aliada a um histórico de administrações imprudentes, deixou as universidades paulistas na penúria.
Folha de São Paulo, 22 de novembro de 2017