Docentes das Estaduais de São Paulo fazem manifestação e repudiam arrocho salarial
08 de Junho de 2017 às 15:44:29Mesmo debaixo de chuva, professores, estudantes e técnico-administrativos das três universidades estaduais paulistas – USP, Unesp e Unicamp, se reuniram na manhã de segunda-feira (5) para protestar em frente à sede do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), em São Paulo, onde acontecia a terceira rodada de “negociação” da data-base entre o Fórum das Seis – que reúne as entidades sindicais dos docentes e técnico-administrativos - e os representantes dos reitores.
Na reunião, o Cruesp manteve sua proposta de “reajuste” salarial zero para as três universidades. “Os reitores mais uma vez colocaram na mesa de negociação, unilateralmente, a redução do poder aquisitivo dos nossos salários, que atinge, nos últimos dois anos cerca de 10% para a USP e a Unicamp e de 13% para os trabalhadores da Unesp ”, declarou o professor João Chaves, presidente da Adunesp Seção Sindical do ANDES-SN e um dos coordenadores do Fórum das Seis. “Mais uma vez vão confiscar nossos salários para manter as universidades funcionando”, completou.
Durante a reunião, os representantes do Fórum das Seis reiteraram a necessidade de que os reitores ajudem a pressionar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e sua base aliada na Assembleia Legislativa (Alesp) para solucionarem a crise de financiamento que assola USP, Unesp e Unicamp. Atualmente, parte dos 9,57% do Imposto sobre circulação de mercadoria e prestação de serviços (ICMS) dedicado ao financiamento das universidades sofre descontos indevidos. Outro problema é que o Tesouro do Estado não arca com o pagamento da “insuficiência financeira”, isto é: não cobre o montante dispendido com o pagamento de aposentados e pensionistas, para além do que se arrecada por meio da contribuição dos servidores (11%) e das universidades (22%).
Resposta pífia
“Os reitores ainda têm muito medo de se dirigir ao governador e à Alesp para exigir aquilo ao que as universidades têm direito. Nós convidamos os reitores a fazer o movimento junto com o Fórum das Seis, a levar as massas para a Alesp. A resposta deles foi pífia, não deram respostas definitivas para essas questões”, contou Chaves.
Ainda segundo o coordenador do Fórum das Seis, os membros do Cruesp foram evasivos os representantes dos docentes e dos técnico-administrativos pediram garantias de que não haverá retaliações àqueles decidiram paralisar suas atividades para participar do protesto. O professor Vahan Agopyan, vice-reitor da USP, chegou a mencionar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de outubro de 2016, de que servidores públicos podem ter o ponto cortado em caso de greve.
“O problema do salário é apenas a ponta do iceberg do que está em curso hoje nas universidades paulistas”, advertiu o professor Rodrigo Ricupero, presidente eleito da Adusp Seção Sindical, que será empossado em julho. “O que está colocado é a destruição da universidade como a gente conhece. Destruir a pesquisa, criar uma categoria de professores precários com salários baixíssimos e, com isso, destruir a qualidade das nossas universidades. A dedicação exclusiva e a indissociabilidade de ensino e pesquisa, isso tudo está em questão hoje. O projeto das reitorias é muito pior do que apenas o rebaixamento dos salários”, alertou.
Fonte: ANDES-SN