Corte de recursos para bolsas indígenas pode provocar desistência em massa
05 de Junho de 2017 às 08:53:34A restrição orçamentária imposta pelo governador Beto Richa (PSDB) às três maiores universidades estaduais do Paraná nesta semana deve afetar diretamente a permanência de graduandos indígenas. A decisão do governo em cortar a fonte de recursos que custeia a bolsa dos alunos egressos de comunidades indígenas afeta diretamente 39 estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que podem ficar sem dinheiro que os ajudem a permanecer longe de seus parentes.
No último dia 30 de maio, o governo estadual, por decisão do Conselho de Políticas Salariais do Paraná, decidiu bloquear recursos destinados às universidades estaduais em retaliação à não-adesão ao sistema de folha de pagamento denominado Meta 4. No caso da UEL, o corte passa dos R$ 6 milhões, afetando as fontes de recursos de identificação 100 e 250 no orçamento – o segundo é relativo às bolsas indígenas. A assessoria da Secretaria Estadual de Administração e Previdência (Seap), entretanto, nega que as bolsas estejam nas restrições.
A psicóloga do Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec) e membro do Conselho Universitário Indígena (Cuia) da UEL Carla Maria Canalle Bagnossim afirma que a bolsa paga aos universitários indígenas faz parte das políticas de inclusão que garantem o ingresso e permanência na universidade – políticas que vão desde a elaboração de um vestibular específico, que respeite as diferenças étnicas, até medidas de adaptação ao ambiente e aos conhecimentos acadêmicos.
Essa é a perspectiva da estudante de Direito Kunhã Itawidju, ou, em seu registro civil, Angélica Ferreira Camargo. "Até alguns anos, não eram aceitos registros com nomes indígenas", explica. Ela, que também é membro da Cuia, é categórica: sem a bolsa, não tem permanência de universitários indígenas. "Nós viemos (para a universidade) com a garantia de uma bolsa que vai nos garantir aqui dentro. Temos que pagar contas, aluguel e muitos têm dependentes que precisam do respaldo. Sem a bolsa, não tem estudante indígena na UEL, UEM ou Unioeste", afirma.
Em uma sucinta, a assessoria de imprensa da Seap afirma que "não houve nenhuma alteração no repasse dos recursos para o pagamento das bolsas indígenas" e que os recursos para a UEL e Unioeste "já haviam sido liberados durante o mês de maio. O recurso para a Universidade de Maringá foi liberado pela Secretaria da Fazenda na quarta-feira, 31 de maio". A assessoria não soube garantir, entretanto, se os repasses permanecerão nos próximos meses.
Fonte: Bonde