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Comunidade acadêmica da UFRRJ protesta contra estupros

18 de Maio de 2017 às 09:04:02

Estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) realizaram uma manifestação em Seropédica (RJ), na última segunda-feira (15), contra os estupros e casos de assédio sexual que ocorrem dentro e nas proximidades da instituição. Apenas na semana passada, houve quatro denúncias de estupro e tentativa de estupro nas proximidades da UFRRJ.


Há pouco mais de um ano, as estudantes da UFRRJ organizaram uma manifestação no prédio principal da universidade e, na mesma época, foi criado o movimento Me Avisa Quando Chegar, “de articulação e unificação de mulheres com diferentes posições políticas, ideologias e organizações em prol da luta contra pautas como o assédio em diversas ocasiões, à violência e à falta de segurança principalmente”.


De um ano para cá, estudantes relatam que a situação na UFRRJ não melhorou. Segundo uma integrante do Me Avisa Quando Chegar e uma das organizadoras do ato dessa segunda, que pediu para não ter o nome divulgado, todo ano tem manifestação contra a violência sexual e as alunas que se colocam à frente das manifestações sofrem ameaças.


“Os casos são recorrentes, eu sou aluna desde 2012 e todo ano tem ato contra violência sexual. Tem uma página no Facebook, 'abusos cotidianos', onde tem relatos de alunas [que aconteceram] desde 1990, mas a menina que administra a página sempre sofre com ameaças, então pode ser que ela tenha tirado do ar”, contou a estudante.


Posição da Reitoria


Após o relato dos estupros na semana passada, a reitoria da UFRRJ divulgou um alerta no dia 11 à comunidade universitária de Seropédica, onde informa que os casos foram “oriundos de carona oferecida dentro do campus” e recomenda “o máximo de cuidado com caronas de pessoas desconhecidas”. Entretanto, a própria universidade não oferece um sistema de transporte para sua comunidade acadêmica. Segundo a reitoria, os dois casos foram registrados na 48ª DP e estão sendo acompanhados pela instituição.


Destacando a dificuldade financeira “decorrente da política de contingenciamento dos recursos orçamentários adotada pelo governo federal”, a reitoria informa que tomou seis providências em caráter emergencial: aquisição de dois tratores novos e de 25 roçadeiras costais para o serviço de poda; aquisição de lâmpadas e material elétrico; aquisição de um sistema de câmeras de filmagem para o monitoramento; acompanhamento dos casos de violência contra a mulher, com encaminhamento à delegacia, à rede pública de saúde e apoio psicossocial; apuração dos casos com abertura de sindicância e processos administrativos; negociação com a prefeitura para reconstrução da passarela da ciclovia.


Para o movimento Me Avise Quando Chegar, as medidas são mínimas e vêm com muito atraso. “Coisas básicas como luz no campus não deveria ser nossa obrigação ter que cobrar. Estamos sim discutindo as medidas e reivindicando mais do que o básico, que não deveria nem ser cobrado. Os matos estão imensos, o caminho dos institutos do noturno estão com a maioria dos postes apagados a universidade está abandonada”, explicou a estudante.


“É uma vergonha a universidade soltar uma nota após dois casos de estupro dentro do campus orientando as alunas a terem cuidado. A culpa não é da vítima, e jogar a responsabilidade para nós é uma forma de nos culpar. Semana passada foram duas alunas estupradas e uma terceira vítima chegou a ser abordada na sexta-feira. Ontem, uma menina foi atacada nas redondezas da universidade. Esse são os casos confirmados só na semana passada! E sabemos que possivelmente o número seja maior, já que muita coisa não chega até nós,” completou.


Suspeito de estupro é preso


Foi preso no dia 15, em Seropédica, um suspeito de estuprar uma estudante da UFRRJ dentro das dependências da universidade. O crime ocorreu no dia 11 e o suspeito foi reconhecido pela vítima. A juíza Yedda Assunção determinou que o suspeito fique detido por 30 dias. Na decisão, a magistrada ressaltou que a prisão temporária “é imprescindível para o sucesso da elucidação do inquérito policial, já que permitirá o prosseguimento das investigações sobre crimes de estupros no mesmo local”.


UFG também tem manifestação contra estupro


No dia 4 de maio, também houve protesto contra estupro na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Jataí. Uma estudante de medicina veterinária denunciou um professor de seu curso por suas ações enquanto ambos estavam hospedados em um apartamento na cidade de Goiânia para participar de um congresso. A Reitoria da UFG afirma estar apurando o caso. Docentes do curso de veterinária estão apoiando as manifestações e já se dispuseram a assumir as disciplinas do acusado.


 


 


 


Fonte: ANDES-SN