A UEL vai recorrer da medida do Governo do Paraná que determina às Instituições de Ensino Superior Paranaenses a utilizar o sistema Meta 4 RH-Paraná para o processamento da folha de pagamento. O recurso deverá ser impetrado na próxima segunda-feira (8), considerando a Constituição Estadual e Federal, que amparam a Autonomia Universitária. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (4) pela reitora da UEL, Berenice Quinzani Jordão, durante seu pronunciamento sobre as recentes decisões do governo, e que segundo considerou, trazem consequências graves às Universidades, prejudicando o desenvolvimento científico e tecnológico.
"Todas estas atitudes impactam especialmente a pesquisa e o desenvolvimento do saber, já que interferem na autonomia das Universidades Públicas, exterminando a gestão financeira e, por conseqüência, a imprescindível gestão didático-científica", afirmou a reitora em relato acompanhado pelo vice-reitor Ludoviko Carnasciali dos Santos, Pró-reitores e Diretores de Centros de Estudos da UEL. Ela acrescentou também que "o Meta 4 é um software para a folha de pagamento, mas que pode, apesar de bastante limitado, ser instrumento bloqueador da aplicação das leis ordinárias garantidas pelas Constituições Federal e Estadual às Universidades".
Berenice Quinzani nominou, expôs e criticou ações pontuais determinadas pela Secretaria de Fazenda, Casa Civil e Tribunal de Contas do Paraná (TCE), como o uso do sistema Meta 4 para gerenciamento da folha, o questionamento do pagamento do Tempo Integral de Dedicação Exclusiva (TIDE) como regime de trabalho aos docentes e a instauração de auditoria da folha de pagamento. Ela ilustrou a defesa da UEL com números que refletem o trabalho desenvolvido pela Instituição nestes quase 46 anos de existência. Além dos mais de 2,1 mil projetos e programas de pesquisas e extensão, envolvendo docentes, estudantes e técnico-administrativos, somente no ano passado o Hospital Universitário realizou 9.172 cirurgias e 1,3 milhão de procedimentos ambulatoriais, reforçando a cidade de Londrina como pólo no atendimento à saúde. Citou como conseqüência desta atuação da UEL, o transplante de córnea, facilitado pelo Banco de Olhos do HU, que tem fila de espera de no máximo 30 dias, enquanto centros como São Paulo e Rio de Janeiro, a espera chega a mais de dois anos.
"A UEL foi fundada devido à luta de muitos londrinenses que tinham como objetivo oportunizar a possibilidade de um bom ensino superior. Alcançamos este patamar devido ao exercício legítimo da autonomia administrativa, acadêmica e financeira. Esta última, estabelecida pelos orçamentos aprovados por lei, que possibilitaram o estabelecimento de metas e diretrizes para a construção de uma Universidade hoje reconhecida nacional e internacionalmente, e cumpridora de seu papel acadêmico e social", afirmou.