Terceirizados paralisam atividades na UFF e na Uefs por falta de pagamento
20 de Abril de 2017 às 09:07:00Menos de um mês após a aprovação da Lei das Terceirizações, a realidade de trabalhadores terceirizados da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), na Bahia, e da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, explicitam a fragilidade das relações trabalhistas nesse modelo de contratação, agora regulamentado e ampliado de forma irrestrita para atividades meio e fim, nas esferas pública e privada.
Pela segunda vez este ano, os trabalhadores terceirizados do setor de limpeza e jardinagem da Uefs paralisaram as atividades por conta do atraso no pagamento dos salários, ticket-alimentação e vale-transporte, que deveria ter sido pago no dia 7 deste mês. A mobilização começou no último dia 10 e segue até que os valores sejam depositados na conta bancária dos trabalhadores.
Os trabalhadores da jardinagem também não receberam o salário referente ao mês de fevereiro e seguem aguardando o pagamento da rescisão contratual por parte da empresa que anteriormente prestava serviço à universidade. Há dois meses, houve a suspensão dos pagamentos dos terceirizados da jardinagem e manutenção, que não receberam os valores referentes a dezembro do ano passado e janeiro deste. A falta de pagamento também prejudicou, em fevereiro deste ano, os trabalhadores da vigilância, limpeza, telefonia e das merendeiras.
Segundo nota da administração da Uefs, “aos trabalhadores que estão vinculados à empresa BP - Administração de Serviços Eireli, que atua na área de suporte administrativo e apoio operacional, falta a realização da transferência bancária para a conta desses trabalhadores, já que a fatura do mês em aberto foi liquidada pela Uefs na segunda-feira, 17. Quanto às empresas ThecServe - Serviços Prediais Eireli, cujos serviços estão relacionados à manutenção predial e Bella Agenciamento de Mão de Obra Ltda, responsável pela limpeza e conservação, a reitoria comunica que o atraso no pagamento dos salários do mês de março, do vale-alimentação e do vale-refeição do mês de abril refere-se ao mesmo período em que os contratos de prestação de serviços das empresas foram firmados com a Uefs”.
Já na UFF, sem receber o salário referente a março, trabalhadores contratados pelas empresas Croll e Luso Brasileira decidiram paralisar as atividades por dois dias, 17 e 18, e nesta quarta (19) realizam assembleia para definir o rumo da mobilização. Funcionários da Luso-Brasileira afirmam que, além do salário atrasado, estão há dois meses sem receber o valor do auxílio alimentação, R$15 por dia – sem reajuste desde 2015.
“Um representante da empresa disse que não tem previsão para o nosso pagamento, que só será feito quando a UFF repassar o dinheiro para a terceirizada. Já mudei o vencimento do meu cartão de crédito duas vezes, mas não sei mais o que fazer, porque a situação é incerta, é nebulosa. Nosso salário atrasa, mas o vale transporte está em dia, porque mesmo sem salário, quererem que a gente venha trabalhar”, contou um trabalhador da Luso Brasileira, que atua há 10 anos na universidade, à redação da Associação dos Docentes da UFF (Aduff SSind.).
Um aviso da direção do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia informou que o Ministério da Educação não repassou os valores necessários para o pagamento às empresas contratadas e, consequentemente, aos trabalhadores. De acordo a direção do ICHF, por não ser possível garantir o funcionamento dos blocos com a segurança e a limpeza necessárias, os blocos N, O e P seriam fechados nessa terça e quarta (18 e 19).