Estudo da ANDIFES aponta que as classes mais baixas estão entre a maioria dos estudantes das Universidades Federais
17 de Agosto de 2016 às 09:11:51A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) participou, nesta terça-feira, (9), na Câmara dos Deputados, de ato público, promovido pela Frente Parlamentar Mista Pela Valorização das Universidades Federais. A sessão contou com a presença de 48 reitores de universidades federais, e também de parlamentares de vários partidos políticos, como PT, PCdoB, DEM, PMDB, PSDB, PROS, PTB e PSB, que acompanharam a apresentação, em primeira mão, do resultado do relatório “Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras”.
A pesquisa feita pela entidade, por meio do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), teve o objetivo de mapear a vida social, econômica e acadêmica dos estudantes de graduação presencial das universidades federais brasileiras e servem de subsídio para a formulação de programas e políticas educacionais para ações relacionadas a assuntos estudantis e comunitários, em nível regional e nacional.
Dando continuidade ao que já vinha sendo desenvolvido pela ANDIFES, este diagnóstico, é a quarta atualização, feito quatro anos após a última pesquisa. O estudo reuniu uma grande base de dados, que ao serem analisados demonstraram grandes mudanças no perfil dos alunos das universidades federais. Essas mudanças podem ser atribuídas a crescente utilização do Enem a partir de 2009, à adesão das instituições federais ao Sisu, a vigência da Lei das Cotas, a partir de 2013, e também aos novos campi implantados na política de interiorização das universidades federais. Além disso, a pesquisa mostra os gargalos e evidencia as necessidades de fomento para as demandas de assistência estudantil no Brasil.
Na ocasião, a presidente da ANDIFES, a reitora Ângela Paiva Cruz, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), falou sobre a importância da pesquisa e disse que ela permite a viabilização de políticas públicas, que possam atender os alunos vulneráveis de forma mais adequada. “Tivemos uma mudança significativa no perfil dos estudantes, sobretudo depois da Lei das Cotas, o que comprova que o discurso de que só estudam filhos de ricos nas universidades federais, é um mito”, destacou. De acordo com o relatório, 66,19% dos alunos têm origem em famílias com renda média de 1,5 salário mínimo. Se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, esse percentual atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente.
Para coordenadora da Frente Parlamentar Mista Pela Valorização das Universidades Federais, a deputada Margarida Salomão (PT/MG), a atuação conjunta, por meio da interlocução permanente, da Associação e do Parlamento é essencial para debater o avanço do sistema. Segundo ela, a Frente deverá ‘fazer o seu dever de casa’. “A partir deste estudo da ANDIFES nós poderemos trabalhar de forma mais eficiente para que os programas e ações em educação, tenham continuidade afim de produzir os efeitos esperados pela sociedade”, afirmou.
Ainda no ato, Ângela apresentou o documento, aprovado pelo Conselho Pleno da Andifes, que afirma a educação de qualidade, gratuita e com inclusão, e se posiciona contra a PEC 241. Segundo o documento as universidades públicas vivem um processo de expansão que precisa ser consolidado e que esta ampliação foi acompanhada por políticas públicas, que permitiram a interiorização das universidades federais e a democratização do acesso, com a utilização de um sistema nacional de seleção (ENEM/SISu) e com a adoção de políticas de ações afirmativas.
Outro ponto levantado pela ANDIFES foi a proposta de redução dos orçamentos das universidades federais para 2017 e a limitação para os concursos públicos para docentes e técnicos. “Se confirmado, as atividades das universidades poderão ser comprometidas e certamente a expansão já em andamento, não será concluída”, disse a presidente da entidade.
Para o deputado Efraim Filho (DEM/PB) há muitos gargalos que podem ser superados e a pesquisa será de muita importância para minimizar a questão em um país com sede de crescimento e isso só acontece quando os jovens podem e conseguem finalizar um curso de nível superior. “Sempre defendi um ensino de qualidade e é por isso que me proponho a ajudar na interlocução das Universidades Federais junto ao Ministério da Educação. Precisamos melhorar e ampliar as pesquisas de desenvolvimento tecnológico, saúde, artes, como também apoiar a cultura no Brasil e estas pautas nascem das universidades públicas.”, disse.
Já o deputado Assis Carvalho (PT/PI), disse que a pesquisa mostra claramente que houve evolução significativa da educação pública desde 2003. “Não dá para imaginar desenvolvimento sem educação. Esse é o maior legado que um governo popular e comprometido com os mais pobres, como foi o de Lula e o de Dilma, pode deixar para o nosso país”, afirmou.
No final da atividade ficou acordado, que a Frente vai trabalhar junto ao Executivo e no Parlamento, para evitar cortes no orçamento das federais e a liberação de concursos públicos, que vão garantir a expansão e o pleno funcionamento das universidades.
Fonte: Andifes