As ocupações de escolas estaduais por parte dos estudantes crescem em todo o Brasil. Em São Paulo, o movimento surgiu no final de 2015 contra o projeto de “reorganização” que fecharia escolas, e agora os estudantes ocupam sete Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e uma escola estadual contra o desvio de verbas das merendas escolares. No Rio de Janeiro e no Ceará, os estudantes ocupam suas escolas em apoio aos professores, em greve nos dois estados.
Os estudantes paulistas protestam contra a falta de merenda e as denúncias de corrupção nos contratos da alimentação fornecida aos alunos da rede estadual. A primeira ocupação ocorreu no dia 28 de abril, no Centro Paula Souza, autarquia responsável pela administração do ensino técnico no estado. Os jovens também acusam o governo de São Paulo de ter mantido disfarçadamente o processo de reorganização escolar que foi suspenso após a mobilização do ano passado.
O governo de São Paulo, entretanto, segue optando, como em 2015, pela repressão policial aos estudantes ao invés do diálogo. Na manhã da segunda-feira (2), a Polícia Militar invadiu a ocupação sem qualquer mandado ou autorização judicial. Fortemente armada, frente a jovens desarmados, a Tropa de Choque permaneceu no prédio por horas, mesmo após ordem judicial determinando a retirada dos policiais. Os estudantes mantêm a ocupação do Centro Paula Souza e, nesta terça-feira (3), ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para exigir a instauração de investigação contra a corrupção nas merendas.
Rio de Janeiro
No dia 21 de março, estudantes do ensino básico do Rio de Janeiro começaram um processo de ocupações das escolas estaduais fluminenses. As ocupações demonstram solidariedade à greve dos professores da rede básica de ensino - iniciada no dia 2 de março - e reivindicam melhorias no sistema de ensino, além de mais recursos para a educação pública. Segundo a página Escolas do RJ em Luta, mais de 60 unidades estão ocupadas no estado.
Entre as reivindicações comuns a todas estão: a eleição direta para a direção, a extinção do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj), maior carga horária para filosofia e sociologia, volta de porteiros e inspetores, pagamento sem atraso dos professores, máximo de 35 alunos por salas de aula, passe livre no transporte coletivo, melhor infraestrutura, ensino de qualidade, entre outros. Na tarde de segunda-feira (2), os estudantes do Colégio Estadual André Maurois (CEAM) receberam Marisa Monte e Leoni para shows de música em apoio ao movimento. No mesmo dia, o governo do Rio de Janeiro anunciou que todas as escolas ocupadas entraram automaticamente em férias.
Ceará
Os estudantes cearenses foram os que mais recentemente aderiram ao movimento de ocupação de escolas. Segundo a página Escolas do Ceará em Luta, já há quatro escolas ocupadas no estado. Os estudantes apoiam a greve dos professores da educação básica e pedem mais investimentos na educação pública estadual.
Fonte: ANDES-SN