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Sem dinheiro, COU da Unioeste pode suspender calendário acadêmico na quarta-feira, 20

18 de Abril de 2016 às 18:03:14

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) pode ter o calendário acadêmico de 2016 suspenso a partir de quarta-feira, 20, em função da falta de recursos para as atividades básicas da instituição. Nesse dia, uma reunião do Conselho Universitário avaliará os avanços nas negociações da universidade com o Governo do Estado quanto ao orçamento aprovado para este ano, 30% menor que o de 2015.
Aprovada pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) no ano passado, a Lei Orçamentária Anual prevê um repasse total de R$ 14 milhões em 2016 para custeio das atividades de ensino da universidade - o montante não inclui o Hospital Universitário. De acordo com Gilmar Ribeiro de Mello, diretor do campus da Unioeste em Francisco Beltrão, imediatamente a este orçamento, a reitoria da universidade pleiteou uma emenda ao orçamento de mais R$ 13 milhões, totalizando R$ 27 milhões para custeio das atividades em 2016.
"O problema é que, no início do ano, o orçamento liberado foi em cima dos R$ 14 milhões apenas. E dividiu não em quatro, mas em cinco parcelas de R$ 2,85 milhões, ou seja, ele pegou o orçamento aprovado e liberou 20% para o 1º trimestre, isso para a universidade como um todo", esclarece o gestor.
Desses R$ 2,85 milhões, no entanto, são descontados pagamentos obrigatórios como o Pasep, água, luz, telefone e diário oficial. Só então os recursos são divididos entre os cinco campi e a reitoria, de acordo com o porte de cada unidade. No 1º trimestre, segundo Gilmar, essa sobra foi de R$ 1,25 milhão, dos quais o campus de Beltrão tem direito a uma fatia de 9,94%, cerca de R$ 125 mil. É pouco mais de R$ 41 mil ao mês para pagar os serviços de limpeza e segurança (terceirizados), salários de estagiários e gastos com manutenção, material de expediente e limpeza, combustível, diária de viagens, entre outros. "Por mês, só com o serviço terceirizado a universidade gastou 51 mil reais em janeiro e 56 mil em cada um dos meses de fevereiro e março", revela Gilmar. 
Em 2016, o orçamento repassado à universidade foi duas vezes maior, de acordo com o diretor. Segundo Gilmar, uma reunião do Conselho Universitário 15 dias atrás estipulou o próximo dia 20 como data limite para avaliar avanços nas negociações com o Estado. "Se não houver nenhum encaminhamento no sentido de resolver o problema, existe essa possibilidade [de suspender o calendário]", diz o gestor, que deixou de pagar o serviço terceirizado para manter a universidade em funcionamento.
"Estamos devendo parte do pagamento de fevereiro e março à empresa terceirizada, seguramos todos os outros tipos de serviços. Ainda não faltou material porque tínhamos guardado do ano passado, mas não autorizamos nenhuma outra compra. Nossa prioridade é manter em dia as bolsas dos estagiários e estamos desenvolvendo as atividades que são possíveis", afirma.


Abaixo-assinado
As acadêmicas Marcielli Hauschildt e Kelly Ariane de Jesus, do 2º ano do curso de bacharelado em Geografia, do turno da noite, entregaram um abaixo-assinado com aproximadamente 600 assinaturas - entre os 1.300 estudantes da universidade - ao deputado estadual Nelson Luersen (PDT) em reunião na noite de sexta-feira, 15.
"Não queremos paralisação nem alteração no calendário acadêmico, porque isso prejudica muito não só os que moram em Beltrão, mas de toda a região. O objetivo da reunião de hoje é buscar mais aliados para nos fortalecer e levar adiante as nossas preocupações", disse Marcielli, que é de Salto do Lontra.
Para a estudante, o sentimento é de "revolta e indignação". "Não estamos exigindo nada além do repasse mínimo para a manutenção do campus para que possamos dar sequência ao ano letivo. Quando chega o final do ano, que vamos passar Natal, Ano-Novo dentro da universidade, muitos abandonam o curso porque não têm como se locomover de outros municípios. ", declarou.
Segundo Kelly, os professores expuseram a situação financeira e a possibilidade de paralisação das atividades. "Então procuramos informação com eles e com a direção. A Unioeste, por ser pública, é a única opção para muitos estudantes de baixa renda, que não têm condições de pagar por uma faculdade", ressalta.
Na opinião do deputado Nelson Luersen, "não dá pra pensar o Paraná sem as nossas universidades estaduais, sem a Unioeste, sem a UEM, UEL". 
"Não dá nem pra imaginar no momento uma nova paralisação nas universidades estaduais, então temos que nos antecipar e encontrar uma saída. Não somos da base do governador e esse assunto tem sido tratado mais pela direção da Assembleia Legislativa juntamente com o secretário (da Fazenda, Mauro Ricardo), mas, pelo fato de serem da base, vejo que eles não têm feito a reivindicação como se deve", criticou Luersen, que vai encaminhar as assinaturas ao secretário de Ciência e Tecnologia e ao Executivo.


Fonte: Jornal de Beltrão