Psicóloga investiga, em Mestrado na USP, a prevalência da Síndrome de Burnout entre professores
01 de Dezembro de 2015 às 11:43:23A psicóloga Elaine Cristina Simões estudou o esgotamento profissional de professores na sua dissertação de mestrado. Intitulada "Investigação de esgotamento físico e emocional (burnout) entre professores usuários de um hospital público do município de São Paulo", a pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
A pesquisadora, que trabalha como psicóloga há cerca de 19 anos, sistematizou os principais aspectos do contexto educacional que afetam a saúde do professor, com foco em usuários do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. Participaram da pesquisa 76 docentes com indicação de tratamento psicológico.
"Foram realizadas análises estatísticas, sendo encontrada associação entre o número de alunos atendidos e a situação funcional e também associação entre o sentimento de realização profissional e acústica, ruído, poeira, limpeza da sala de aula, número de alunos atendidos, incômodo com os alunos, incômodo com os pais e duração da licença médica", explica a piscóloga na apresentação da dissertação.
Os professores foram submetidos a dois inventários para avaliação de burnout: Maslach Burnout Inventory (MBI) e Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT); aplicação de questionário sociodemográfico e ocupacional e entrevista semiestruturada.
O levantamento apontou que 33,96% dos participantes da pesquisa utilizavam medicamentos em uso regular relacionados à síndrome metabólica e 30,82% a transtornos psiquiátricos.
A avaliação dos participantes de que seus problemas de saúde tinham relação com o trabalho mostrou associação com o fato de ter sofrido agressão dentro da escola; conhecer outras vítimas de agressão; duração da licença médica; e número de alunos atendidos.
"51,32% deles disseram ter sofrido agressão dentro da escola no último ano. 78,95% relataram agressão sofrida por outras pessoas (sendo 81,67% outros professores) no mesmo período", descreve a psicóloga.
O mestrado de Elaine Cristina Simões confirma a prevalência da Síndrome de Burnout entre professores. "Os professores representam categoria vulnerável à síndrome de esgotamento profissional. Pesquisadores, em contextos diversos, observam a ocorrência de sintomas físicos e emocionais nessa categoria", explica a psicóloga.
Vale ressaltar que a Síndrome pode provocar dores de cabeça, alterações gastrointestinais, fadiga crônica ou exaustão física, tensão muscular, ansiedade, depressão, distúrbios do sono e irritabilidade.
A pesquisadora conclui que para minizar o mal seriam necessários mais investimentos na Educação, bem como a adequação de aspectos como: número de alunos atendidos diariamente, educação continuada dos profissionais e estímulos ao apoio mútuo entre professores, coordenadores pedagógicos e diretores de escola.
SERVIÇO: "Investigação de esgotamento físico e emocional (burnout) entre professores usuários de um hospital público do município de São Paulo" está publicada na Biblioteca Digital da USP: www.teses.usp.br
Contatos com a autora, Elaine Cristina Simões, através do e-mail inecs@usp.br
FONTE: APEOESP