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Greve nas Universidades: resistência e defesa da educação pública

11 de Novembro de 2015 às 11:31:16

Os professores, servidores técnico-administrativos e estudantes das Universidades Federais têm feito, há mais de 100 dias, uma importante greve de resistência e defesa da universidade pública contra ataques que vêm de todos os lados – do Executivo, do Legislativo e do Judiciário – visando ao mesmo fim: a desresponsabilização do Estado com os serviços públicos e a conversão desses serviços em mercadoria e em lucro privado. A greve tem sido fundamental, portanto, no sentido de denunciar os cortes e também a destinação do fundo público para a educação privada.


A campanha salarial de 2015 tem sido duríssima, e a greve assumiu centralmente a defesa da universidade pública, no contexto dos sucessivos anúncios de corte do orçamento, de medidas restritivas ao funcionamento da universidade (como a suspensão do abono de permanência e suspensão da realização de concursos) e medidas privatizantes (como a contratação via Organizações Sociais e permissão de cursos pagos nas Universidades Federais).


Além disso, temos presenciado um forte processo de criminalização dos movimentos reivindicatórios. Veja-se, no Ceará, o caso dos servidores da Maternidade Escola Assis Chateaubriand que, mobilizados contra a ameaça de desemprego pela Direção da Ebserh, foram reprimidos com a convocação da Polícia Federal para dentro da UFC, tal como ocorreu com os estudantes no episódio de ocupação da Reitoria. Esses fatos demonstram um tipo de arbitrariedade que não pode ser tolerada pela sociedade, e – em especial – pela comunidade universitária.


É lamentável, ainda, o silêncio constrangedor dos diferentes poderes e instituições, inclusive da Administração Superior da UFC, em relação aos cortes de recursos para Educação e Saúde enquanto os setores financeiros, em especial, estão ganhando muito com a instauração de uma crise, que, antes de ser econômica, é política.


O Governo Federal está amedrontado, acuado pelos setores mais reacionários do País, instaurados no Congresso Nacional, com suas bancadas do latifúndio, do fundamentalismo religioso e da bala, todos interessados em seus próprios negócios, passando por cima dos povos indígenas e dos direitos sociais, além de gerar inúmeros problemas ambientais. Os limites a esse tipo de atuação certamente não serão dados pelo governo, mas pela capacidade de luta e resistência dos trabalhadores.


*Esse texto é um resumo da análise de conjuntura apresentada pelo Comando Local de Greve da UFC à Assembleia dos Professores da UFC e UFCA em 30/9/2015.


Glícia Maria Pontes Bezerra


ccm.greve2015@adufc.org.br


Professora do Curso de Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda (UFC)


Irenísia Torres de Oliveira


Professora do Departamento de Literatura (UFC)


Beatriz Furtado


Professora do Curso de Cinema e Audiovisual (UFC)