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A proposta do governo gera perdas salariais que não serão repostas, pelo menos até o final de 2018

05 de Outubro de 2015 às 09:06:36

Análise da proposta do governo


O governo propõe substituir a forma de reposição prevista na Lei Nº 15.512 de 30 de maio de 2007 (reposição salarial pelo IPCA apurado no período de maio a abril, no mês de maio de cada ano, que para maio de 2015 é de 8,17%).


A proposta do governo prevê reposição de 3,45%, correspondente ao IPCA no período de maio a dezembro de 2014, no mês de outubro de 2015 e, ainda, a mudança da data-base para janeiro nos anos de 2016 e 2017, com retorno para o mês de maio em segunda revisão salarial no ano de 2017.


Para comparação da proposta do governo com a atualmente vigente é necessário entendimento dos índices já estabelecidos, como:


1) 3,449% do IPCA no período de maio a dezembro de 2014;


2) 4,564977% (ou 4,565%) do IPCA no período de janeiro a abril de 2015;


3) 8,5% como estimativa para o IPCA no ano de 2015. Neste caso, no 8,5% já está embutida parcela já conhecida de 4,565%;


4) estimativas de 5,5%, 4,5% e 4,5% para o IPCA nos anos de 2016 a 2018, respectivamente.


Para comparação consistente, os percentuais de ambas as propostas deve corresponder à mesma variação no período avaliado e de forma matematicamente consistente em cada ano.


Os percentuais compatíveis para as estimativas de IPCA de 8,5%, 5,5%, 4,5% e 4,5% para os anos de 2015 a 2018, respectivamente, são apresentados na tabela a seguir:





























Ano 2014 (maio a dez.) 2015 2016 2017 2018
IPCA(ano) 3,4492% 8,5000% 5,5000% 4,5000% 4,50%
IPCA(data-base) em 2015 8,1716% 5,6317% 5,1656% 4,50%

Obs.: 1) A definição de percentuais para IPCA(ano) e IPCA(data-base) que resulte no mesmo percentual acumulado ao longo do período de avaliação é condição necessária para a consistência da comparação das propostas; 2) Nas estimativas os percentuais mensais são supostos iguais; 3) Para outras estimativas de IPCA, deve-se refazer os cálculos para datas-base.


O percentual acumulado do IPCA para o período de maio de 2014 a outubro de 2015 é de 11,21% (*) e o governo propõe a reposição de apenas 3,45%.


A análise permite identificar que o servidor terá perdas, destacando-se ao final de cada ano as perdas, em termos de um salário do servidor, conforme a tabela:
































  IPCA 2015 Perda em termos de um salário do servidor
Ano 2015 2016 2017 2018
Perda 8,5%, 80% 73% 33,8% 15,4%
9,0% 80% 70,5% 30,9% 12,5%

Considerar que a remuneração deve ser maior que 0,6% quando o IPCA for maior. Portanto as perdas devem ser equivalentes para maiores estimativas de IPCA.


Conclui-se que até o final de 2018 as perdas ainda não são totalmente recuperadas.


Artur L. da F. Machado


(*) Compondo o percentual de 8,17% com o percentual remanescente em 8 meses (3,763%) e para o período de 6 meses até outubro de 2015 resulta em 11,21%.