Iniciada há mais de três meses, Universidades Estaduais do Ceará manterão greve em 2015
05 de Julho de 2015 às 18:33:42“Hoje temos uma carência de mais de 600 professores nas três universidades estaduais. É um dado que nos assombra. Mesmo assim, o governo não apresentou nenhuma proposta, deixando essa dívida para a sociedade e o fardo para o próximo governador eleito, o Camilo Santana (Pros)”, contou Célio Coutinho, presidente da Seção Sindical dos Docentes da Uece (Sinduece) do ANDES-SN.
Em janeiro de 2014, as universidades estaduais do Ceará já haviam firmado acordo com o governador Cid Gomes (Pros) para suspender, naquele momento, a paralisação da greve em curso desde novembro de 2013 com a promessa, dentre elas, da realização imediata de concurso público para a contratação de 577 docentes até junho deste ano. O descumprimento do acordo levou professores e estudantes a retomarem a greve em setembro de 2014.
Célio Coutinho contou que o governador Camilo Santana se comprometeu publicamente em receber o movimento grevista no início do governo. “Estamos nos preparando para a audiência. Já fizemos constar no Plano de Governo as nossas propostas de política de estado para que possam ser contempladas, no sentido de investimento público, na questão da autonomia para as universidades, na garantia de reposição automática para professores em termos de concurso, para que de fato possamos sair dessa crise”.
De acordo com Luiz Ponte, vice-presidente da Seção Sindical dos Docentes da UVA (Sindiuva) do ANDES-SN, mesmo com a tendência de uma aproximação com o novo governo, “a greve só termina quando o edital para concurso público de professores efetivos for publicado”. Luiz Ponte ressalta que a greve não é por salário, mas sim por concurso público.
Além da realização de concurso público emergencial, Augusto Nobre, presidente da Seção Sindical dos Docentes da Urca (Sindurca) do ANDES-SN, afirma que Camilo Santana também prometeu discutir um calendário de concursos para suprir a carência das três universidades. “A expectativa é que ele cumpra com os acordos, pois no nosso caso, não tem como voltar a ter aulas em três dos 16 cursos de graduação da instituição, mesmo com o fim da greve. As aulas só retornam após a posse dos novos professores que virão deste concurso público ainda a ser realizado”, disse Augusto.
A falta de professores nas universidades estaduais do Ceará é um problema histórico, segundo Célio Coutinho. Ele alerta que a contratação de professores substitutos não resolve a situação, ao contrário, agrava, dada a precarização do trabalho dos docentes. “O governo tem se concentrado na seleção de professores substitutos em detrimento de concurso para professor efetivo. O que dificulta o processo de formação, de produção científica, de extensão, por falta de um quadro efetivo que dê conta de toda essa demanda no âmbito da universidade”.
Os professores exigem também a continuidade das melhorias já conquistadas como a Lei de Regulamentação da Carreira de Professor Associado, licitação da obra de expansão e modernização da Facedi/Uece, manutenção da verba da assistência estudantil, e realização de concurso para técnico-administrativo das Instituições Estaduais e Municipais.
Técnico-administrativos
A situação também é alarmante para os servidores técnico-administrativos. Jamais foi realizado um concurso para o setor desde que a primeira das universidades estaduais foi criada, em 1975. “Em 2017 não haverá nenhum servidor técnico-administrativo, porque todos se aposentarão. A Uece completou 40 anos e nunca foi realizado um concurso para servidor técnico. E o que a política de governo tem realizado? Eles aumentaram em 1643% a contratação de servidores terceirizados e não abriu nenhum concurso ainda”, conta Célio Coutinho.
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