Docentes da Uerj se mobilizam contra atrasos nos salários e falta de verbas

Desconstruir a versão oficial do governo de que não há recursos para concessão de reajuste para os professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) em 2015. Esta será a principal tarefa do movimento docente neste início de ano, segundo avaliação da assembleia de professores, realizada na terça-feira (13).

Para subsidiar a luta, os docentes aprovaram a produção de um estudo sobre o orçamento do Rio de Janeiro, demonstrando a real situação das contas do estado e fazendo uma comparação entre os investimentos nos serviços públicos e os gastos com publicidade oficial, isenções fiscais, obras para megaeventos, entre outros.

Desde o final de 2014, professores substitutos, funcionários terceirizados e estudantes bolsistas sofrem com atraso no pagamento dos salários e bolsas. Em dezembro, a greve dos terceirizados, que estavam sem receber salários e o 13º, provocou a antecipação do recesso de fim de ano e uma série de protestos na Uerj. O reitor ainda suspendeu o calendário acadêmico por conta da falta de recursos, sem aviso prévio, e o segundo semestre de 2014 ainda não foi concluído na universidade.

Durante a assembleia de terça-feira, o presidente da Asduerj SSind., Bruno Deusdará, citou uma matéria publicada no site do jornal O Estado de São Paulo que aponta que "foram gastos mais de R$ 1,5 bilhão com a rubrica Publicidade & Propaganda nos oito anos do governo Sérgio Cabral/Luiz Fernando Pezão". Em média, são gastos R$ 200 milhões anualmente em propaganda pelo governo fluminense, afirma o jornal.

Deusdará destacou ainda que bastariam R$ 5 milhões anuais para resolver o problema da incorporação da DE à aposentadoria, uma das reivindicações do professorado da Uerj, junto com a revisão dos salários, defasados em mais de 80%. "A maior propaganda de um governo deveria ser investir em educação e saúde", defendeu o presidente da Asduerj.

Ao final da assembleia, foi aprovada, entre outras deliberações, a realização de uma nova assembleia no mês de março, quando estará em pauta a deliberação sobre o "estado de greve" da categoria.

CAp suspende divulgação de avaliação final

Mais uma vez com salários atrasados e sem perspectivas reais de pagamento, os professores substitutos do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj), cerca de 50% do corpo docente, reuniram-se na manhã de quinta-feira (15) com a direção da unidade.

No encontro, que teve a intermediação da diretoria da Asduerj SSind, os substitutos sinalizaram que não participariam do último Conselho de Classes (COC) do ano letivo, responsável pela avaliação final de cada aluno, que aconteceria no mesmo dia. A direção do CAp-Uerj comprometeu-se então a não divulgar o resultado da avaliação até que seja efetivado o pagamento destes docentes. A divulgação da avaliação do COC ocorreria nesta sexta-feira (16), consagrando o fim do ano letivo no Instituto.

Foi acordado ainda, entre os docentes contratados, que as provas finais, que ficam arquivadas no CAp para futuras consultas, só seriam entregues após o recebimento dos salários.

Os atrasos nos pagamentos dos substitutos têm sido uma constante na universidade nos últimos anos, acarretando diversos prejuízos, que não são restituídos pela universidade.

Com informações da Asduerj-SSind e Jornal Folha Dirigida