Dados mostram que apenas 4% dos servidores do Executivo são negros. Apesar de o acesso ser aparentemente democrático, diversos dados sugerem obstáculos existentes e que não podem ser desprezados, inclusive limitantes para ascen
28 de Dezembro de 2014 às 22:58:38
Disparidades salariais também atinge negros se comparados aos brancos
Em que pese a política de ações afirmativas (cotas), que atinge a esfera pública, a desigualdade racial continua sendo uma realidade. Conforme dados apresentados pela jornalista Vera Batista, no Blog do Servidor, apenas 4% dos servidores federais são negros. A cota de 20% para afrodescendentes nos concursos públicos produziu melhora tímida, avalia a reportagem do blog.
Segundo a matéria da jornalista, apesar de o acesso ao serviço público ser aparentemente democrático, pois a porta de entrada é o concurso, na medida em que aumenta o nível de complexidade, as disparidades também se elevam. Dos 619.364 servidores na ativa do Poder Executivo, 320.371 (51,7%) são brancos. Apenas 138.936 (22,4%) são pardos e 24.765 (4%), negros, segundo estudo da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
Os resultados contrastam com a distribuição da população brasileira, com base no Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no qual os brancos aparecem em minoria (47,7%), diante da quantidade de pardos (43,1%) e pretos (7,6%), que somam (50,7%).
Dos 25 ministérios considerados no levantamento, em apenas quatro, trabalhadores de cor branca não são maioria absoluta (acima de 50%): Agricultura e Pecuária (48%), Meio Ambiente (47%), Desenvolvimento Agrário (42%) e Integração Nacional (42%). No Ministério de Relações Exteriores, brancos representam 32%, mas 58% não declararam ou não foram questionados sobre a cor da pele ao ingressarem.
Em cargos de elite, ou de decisão estratégica (Cargos de Direção e Assessoramento Superior - DAS), pretos e pardos estão ainda mais ausentes. No DAS 6, com ganho mensal de R$ 12,9 mil, 77% dos ocupantes são brancos (8% pardos e 4% negros). No DAS 5 (R$ 10,4 mil), há 73% de brancos, 11% de pardos e 2% de negros. E no DAS 4 (R$ 7,9 mil), os brancos ocupam 69% das funções, bem acima dos 16% de pardos e 3% de negros. Conforme o valor cai, aumenta a quantidade das minorias: DAS 1 (R$ 2,1 mil), 55%, 24% e 4%, de brancos, pardos e negros, respectivamente; DAS 2 (R$ 2,7 mil), 58%, 23% e 4%; DAS 3 (R$ 4,4 mil), 63%, 21% e 4%.
Salários
Os salários maiores são, por outro lado, o indicativo do nível de escolaridade. No serviço público, 23,5% das pessoas de cor branca têm nível fundamental; 41,1%, nível médio; e 61,1%, superior. Enquanto a maioria dos pardos e negros (44,3% e 6,4%, respectivamente) só concluíram o nível fundamental. Pequena parte (26,7% e 5,2%) exercem funções de nível intermediário e quantidade menor (17,3% e 2,8%), superior.
Quando a comparação é entre as mulheres, o estudo da Enap aponta que 24% são brancas, 9% pardas e 2% negras. Dessas, entre as ocupantes dos cargos com DAS, 26% são brancas, 9% pardas e 2% negras. Os indígenas também têm baixa representação no serviço público. São 0,4% da população brasileira e 0,3% dos servidores. Estão em apenas dois ministérios: Justiça (1%) e Meio Ambiente (2%). E 0,4% apenas têm DAS.
Para ler mais sobre o estudo, clique aqui.
Fonte: Blog do Servidor
Foto: Divulgação
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)