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Movimento docente das Universidades Federais avalia que poucos nomes seriam tão "inadequados" quanto o de Cid Gomes para o MEC

27 de Dezembro de 2014 às 14:20:17


Cid Gomes: histórico de confronto com educadores cearenses

Nesta terça, 23, a presidente Dilma Rousseff divulgou mais alguns nomes do futuro ministério. Um desses nomes é o de Cid Gomes, governador do Ceará entre 2011 e 2014, e que a partir de 2015 assume a titularidade do Ministério da Educação. A confirmação de Gomes causou perplexidade e indignação no meio sindical docente. Conforme Elda Maciel, da Regional Nordeste I do ANDES-SN e também diretora do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual (Sinduece), poucos nomes seriam tão "inadequados" para ocupar a pasta da Educação como o de Cid Gomes. Na avaliação dela, os "trabalhadores da educação estão entre os que receberam pior tratamento do sr. Cid Gomes".

O governador, que era do PSB e hoje se encontra num partido fundado em período mais recente, o Pros, está entre os que descumpriram a Lei do Piso do magistério. E, ao enfrentar um protesto de educadores, chegou a dizer que "professor deve trabalhar por amor", sugerindo, inclusive que os trabalhadores da educação pública pedissem demissão, afirmando que "quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado", manifestou-se o então Chefe do Executivo. Defrontando-se com uma greve do setor de educação que completou quatro meses, Gomes fechou-se ao diálogo e usou a repressão em vários momentos.

Ensino Superior

No que se refere ao Ensino Superior, se o modelo político for parecido com o do Ceará, os docentes federais podem esperar fatos nada animadores. Conforme Elda Maciel, Cid Gomes promoveu um processo de esvaziamento das universidades estaduais, recusando-se a abrir concursos para as quase 800 vagas na UECE, URCA e UEVA, que não param de se multiplicar, devido a falecimentos, aposentadorias e exonerações.

Diz ainda a nota enviada pela dirigente da Sinduece, que a situação de abandono é tamanha que, depois de quatro meses em greve, Gomes recusou-se a negociar, deixando o impasse para seu sucessor. O então governador teria chegado ao cúmulo de defender o fechamento de vários cursos (incluindo o de Medicina, o 17o colocado no último Enade) e querer impor uma jornada de mais de 20 horas em sala de aula, o que desrespeita inclusive a LDB.

2015 de luta

Independente do nome do ministro da Educação, 2015 será um ano de luta, afirma a 1ª vice-presidente do ANDES-SN, professora Marinalva Oliveira. Para a dirigente sindical, o essencial é perceber que a política do governo petista é de dar seguimento ao processo de privatização, inclusive no setor educacional, por isso, tanto faz ser Cid Gomes ou um outro nome.

Marinalva enfatiza que o cenário para 2015 é de dificuldade, especialmente após a consolidação da ideia, por parte do governo, de realizar contratações de professores para as Instituições Federais através de Organizações Sociais (OS). A desculpa que foi usada pela direção da Capes, de que essas contratações ajudariam a colocar o Brasil em patamares internacionais representa, conforme a sindicalista, uma "desculpa esfarrapada". Para ela, se o objetivo fosse esse, bastava o governo promover uma carreira atraente e pagar bons salários.

A 1ª vice-presidente do ANDES-SN encerra sua análise afirmando que o governo do PT não está em disputa, pois ao longo dos últimos anos já teria deixado claro que os vínculos que defende são com o capital. Portanto, diz Marinalva, "não é o Cid Gomes que vai dar o tom político do governo. É de acordo com a política que se escolhe o ministro e não o contrário".

Texto: Fritz R. Nunes

Foto:Divulgação

Assessoria de imprensa da Sedufsm