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OIT estima que trabalho forçado gera US$ 150 bilhões de lucro por ano. Do total de 20,9 milhões de pessoas vítimas do trabalho forçado, tráfico ou da escravidão moderna, 18,7 milhões estão no

20 de Maio de 2014 às 23:54:59

Relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta segunda (19) estima que o trabalho forçado na economia privada gera lucros anuais ilegais de 150,2 bilhões de dólares. A entidade havia previsto, em 2012, em cerca de 20,9 milhões o número de trabalhadores sob essas condições em todo o mundo - 22% por exploração sexual forçada, 68% por outros tipos de exploração do trabalho e 10% por trabalho imposto pelo Estado - e é com base nessa quantidade que a estimativa de lucro foi feita.

"Profits and Poverty: The Economics of Forced Labour" (Lucros e Pobreza: Aspectos Econômicos do Trabalho Forçado) afirma que dois terços desse total, ou seja, 99 bilhões, sejam oriundos da exploração sexual comercial, enquanto 51,2 bilhões vêm da exploração com fins econômicos - que inclui agropecuária, extrativismo, indústria, comércio, trabalho doméstico, entre outras atividades. As estimativas, feitas através de extrapolações com base em dados regionais, não foram produzidas para cada país.

"O trabalho forçado é nocivo para as empresas e para o desenvolvimento, mas, sobretudo, para suas vítimas. Este relatório imprime um novo caráter de urgência aos nossos esforços para erradicar o quanto antes esta prática altamente rentável, mas fundamentalmente nefasta", afirmou em nota divulgada à imprensa o diretor geral da entidade, Guy Ryder.

Dois terços dos lucros gerados pelo trabalho forçado vêm da exploração sexual
Dois terços dos US$ 150 bilhões anuais de lucros gerados pelo trabalho forçado, ou seja US$ 99 bilhões, provêm da exploração sexual para fins comerciais, enquanto os restantes US$ 51 bilhões resultam da exploração econômica, incluindo o trabalho doméstico (US$ 8 bilhões), a agricultura (US$ 9 bilhões) e outras atividades econômicas (US$ 34 bilhões), como a construção, as indústrias, as minas e os serviços de utilidade pública.

Do total de 20,9 milhões de pessoas vítimas do trabalho forçado, tráfico ou da escravidão moderna, 18,7 milhões estão no setor privado, 26% são crianças e 55% são mulheres ou meninas.

O trabalho forçado implica um elemento de coação, ou seja, a vítima exerce a atividade sem ter dado consentimento prévio e sem liberdade para deixar de fazê-la, esclarece a OIT, sediada em Genebra. Outra conclusão é de que 44% das vítimas migraram dentro ou fora das fronteiras internacionais antes de serem submetidas ao trabalho forçado, e que existe correção entre a pobreza dos lares e a maior probabilidade de serem vítimas do trabalho forçado.

A OIT conclui também que foi registrado um recuo no trabalho forçado imposto pelo Estado (autoridades públicas, Exército ou forças paramilitares, participação compulsiva em trabalhos públicos e trabalhos forçados na prisão). "Devemos agora focar-nos nos fatores socioeconômicos que deixam as pessoas vulneráveis ao trabalho forçado no setor privado", disse, em entrevista, Beate Andrees, diretora do Programa de Ação Especial da OIT para Combater o Trabalho Forçado.

Segundo os dados divulgados pela OIT:

- Mais da metade das vítimas de trabalho forçado são mulheres e meninas, principalmente na exploração sexual comercial e trabalho doméstico;
- Homens e meninos são, sobretudo, vítimas de exploração econômica, na agricultura e mineração;
- 34 bilhões de dólares em lucros ficam com a construção civil, indústria, mineração e serviços;
- 9 bilhões de dólares ficam com a agricultura, incluindo silvicultura e pesca;
- 8 bilhões de dólares são economizados em residências privadas que ou não pagam ou pagam menos que o devido aos trabalhadores domésticos submetidos ao trabalho forçado.

Lucro anual do trabalho forçado por região
Ásia-Pacífico: US$ 51,8 bilhões de dólares
Economias Desenvolvidas e União Europeia: US$ 46,9 bilhões
Europa Central, Sudeste Europeu e Comunidade dos Estados Independentes: US$ 18 bilhões
África US$ 13,1 bilhões
América Latina e Caribe: US$ 12 bilhões
Oriente Médio: US$ 8,5 bilhões
Mundo: US$ 150,2 bilhões

Lucro anual por vítima de trabalho forçado por região
Economias Desenvolvidas e União Europeia: US$ 34,8 mil
Oriente Médio: US$ 15 mil
Europa Central, Sudeste Europeu e Comunidade dos Estados Independentes: US$ 12,9 mil
América Latina e Caribe: US$ 7,5 mil
Ásia-Pacífico: US$ 5 mil
África US$ 3,9 mil

Crises de renda e pobreza estão entre os principais fatores que levam ao trabalho forçado.   Falta de educação formal, analfabetismo, gênero e migrações são listados como fatores de risco e de vulnerabilidade. Entre as medidas voltadas a combatê-los, o relatório aponta:

- Reforçar os pisos de proteção social a fim de evitar que os lares pobres contraiam empréstimos abusivos no caso de uma perda imprevista de renda;
- Investir na educação e na formação profissional para incrementar as oportunidades de emprego dos trabalhadores vulneráveis;
- Promover um enfoque da migração baseado nos direitos a fim de prevenir o trabalho clandestino e os abusos contra os trabalhadores migrantes;
- Apoiar a organização dos trabalhadores, inclusive nos setores e indústrias vulneráveis ao trabalho forçado.

* Com informações do Repórter Brasil e Agência Brasil