Senador Requião, no Plenário do Senado, lê carta de movimentos sociais e entidades sindicais. Documento denuncia as ações do estado brasileiro que persegue, reprime e cria leis que criminalizam as lutas populares e sindic
05 de Março de 2014 às 14:23:01O senador Roberto Requião leu, durante plenário na tribuna do Senado, a carta assinada por entidades que se articulam contra a criminalização dos movimentos sociais, entregue em reunião com o senador na última terça-feira por representantes da CSP-Conlutas, ANDES-SN, SINASEFE, FERAESP, MST, MTST, MML, CGTB, UGT, COBAP, CONAFER, FERAESP e ANEL.
O senador se comprometeu a encaminhar o documento aos presidentes do Senado e da Câmara.
Confira abaixo o vídeo com o discurso de Requião realizado na tribuna do Senado:
http://www.youtube.com/watch?v=FO7vA3MBYi4
Carta das organizações sindicais e populares a toda a sociedade brasileira
Criminalizar as lutas sociais e atacar liberdades democráticas é volta a um passado que a sociedade brasileira não pode aceitar Nos últimos meses temos assistido ao recrudescimento da violência policial contra manifestações populares e contra a população pobre e negra da periferia das grandes cidades. O próprio governo federal entrou nessa mesma rota ao disponibilizar a Força Nacional de Segurança para ser usada com este mesmo objetivo e, agora, com a portaria do Ministério da Defesa que "regula" a utilização das forças armadas na repressão a mobilizações sociais.
No Congresso Nacional tramitam projetos de lei que pregam desde a proibição de greves no período anterior e durante a realização da Copa do Mundo, até absurdos autoritários como o projeto que tipifica o chamado "crime de terrorismo". Agora, na esteira da tragédia ocorrida no Rio, com a morte de um trabalhador, assistimos a um espetáculo patrocinado por setores da mídia, governos e parlamentares que clamam por mais leis e mais repressão. É neste contexto que o Ministério da Justiça fala em apresentar mais um projeto de lei para penalizar ainda mais aos que ousam lutar para defender seus direitos e suas reivindicações.
Vivemos num país marcado pela desigualdade e pela injustiça para com a ampla maioria do seu povo. Ao invés de atender as demandas populares os governantes, em todas as esferas, escolhem o caminho da repressão pura e simples para tentar coibir as lutas populares. Não é este o caminho que pode levar à solução dos conflitos.
Já há leis demais para limitar, reprimir e criminalizar direitos dos trabalhadores, como o direito de greve, a luta pela moradia, a luta pela reforma agrária, a luta por um transporte coletivo digno, por saúde, educação. Porque os parlamentares e governantes não falam em votar leis que garantam a todo o povo o acesso a estes direitos? Estas leis, sim, ajudariam efetivamente a resolver conflitos.
Não está entre nós os que apóiam atitudes isoladas nas manifestações que possam contribuir para tragédias como a morte do cinegrafista. Mas não podemos aceitar que toda a responsabilidade por aquele infeliz acontecimento seja debitado a manifestantes, isentando os governos que não atendem os reclamos populares e ainda determinam a repressão brutal que tem sido a prática das polícias contra os que protestam. Tampouco podemos aceitar que se aproveite da tragédia ocorrida para intensificar ainda mais a criminalização e a violência contra as lutas e as organizações dos trabalhadores e da juventude brasileira.
Repressão a movimentos sociais, criminalização dos que lutam por seus direitos, ataques e limitações às liberdades democráticas não são um caminho para o futuro que queremos construir para nosso país. Sinaliza para o passado que tanto lutamos - muitos perdendo sua própria vida - para superar.
Conclamamos o Congresso Nacional a rejeitar estas iniciativas em discussão na Câmara e no Senado. Conclamamos as instituições democráticas e a toda a sociedade brasileira a reagir e exigir respeito às liberdades democráticas, ao direito de organização, ao direito de greve e de manifestação para todos neste país.
Sem isso não há democracia.
Brasília, 25 de fevereiro de 2014
(abaixo segue lista de entidades e movimentos que assinam esta carta)
- CSP-CONLUTAS - Central Sindical e Popular
- UGT - União Geral dos Trabalhadores
- CGTB - Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros
- COBAP - Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas
- CONAFER - Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais
- CONDSEF - Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Publico Federal
- ANDES-SN - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior
- FENASPS - Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social
- SINASEFE - Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica
- ASFOC- Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Fundação Osvaldo Cruz
- FSDM-MG - Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais
- FERAESP- Federação dos Empregados Rurais Assalariados dos Estado de São Paulo
- JUBILEU SUL BRASIL
- MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
- MTST - Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
- LUTA POPULAR
- ANEL - Assembleia Nacional dos Estudantes -Livre
- CLASP - Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo
- PACS - Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul
- MML - Movimento Mulheres em Luta
- Quilombo Raça e Classe
- Movimento Periferia Ativa - Resistência Urbana
- Frente Nacional de Movimentos
- Instituto São Paulo de Cidadania e Política